sábado, 28 de maio de 2011

O Começo...

Sempre tive muita dificuldade em COMEÇAR,
Começar uma conversa...
Um novo projeto...
Encarar um papel em branco por horas a fio,
Simplesmente por não saber por onde começar mesmo tendo muito a dizer...
Agora com a mudança dos tempos encaro uma tela em branco,
Com um cursor piscando incessantemente
Como se me colocasse contra parede e gritasse em silencio:
“VAI... O QUE ESTÁ ESPERANDO PRA COMERÇAR?”
Mas como?
Se não sei por onde?
Então optei por dar uma pitada de honestidade nas próximas linhas
E escrever um desabafo e assumir a minha incapacidade de definir o ponto de partida,
Isso me acompanha desde sempre,
Quando nascemos o som que nos remete ao nascimento,
De que a vida lá fora nos espera “é o choro”,
Pois então... quando nasci eu não chorei,talvez porque lá no fundo,
Eu não conseguia distingui que era o fim de um ciclo e o começo da vida,
Mas foi ai, que se iniciou uma serie de fatores que por onde começar,
Foi crucial na minha existência,
Deixei de conhecer pessoas por não saber por onde começar uma conversa,
Textos ficaram inacabados por falta de começo para um novo parágrafo,
E amores ficaram perdidos por não saber como me declarar,
Mas isso acabou criando em mim uma compulsão,
O começo se tornou motivo de questionamentos pessoais,
Depois de guerras travadas sem a definição de um vencedor,
Depois de muita labuta, de noites em claro que pareciam ser intermináveis,
Mas no final presenteava - me com a tão sonhada aparição de um COMEÇO,
Com ele fui tomada por um sentimento que essa seria a minha ultima chance de poder começar,
Fazendo-me então não querer terminar,
A continuidade sempre me pareceu mais fácil, mais prazeroso,
Equilibrar dois pratos é mais fácil do que colocar um em cada lado da balança,
Como se fosse o ouro escondido no fim do arco íris,
A minha dificuldade do começo reservou a recompensa da continuidade,
Me estender em frases longas era uma forma de mascarar o medo do fim,
Da minha única chance de poder começar,
Como se a cada ponto final uma parte de mim morresse,
E de fato morre,
Morre a inspiração,
Morre o motivo,
Morre a estrofe,
E junto morre uma parte de mim,
Ao fim de cada criação,
Morre de fato um pouco do criador,
E disso que tenho medo,
Não de perder parte de mim a cada ponto final,
É saber que por de trás de cada fim existe um recomeço,
E não saber por onde REcomeçar é que me aflige,
Me dói à carne e me tira o sono.