domingo, 26 de fevereiro de 2012

Destino em traço Renoir...



Engraçado como não consigo me desfazer do prazer de  me dirigir a você.
Como se falando com você conseguisse chegar a mim.
Você me desperta  essas coisas...
Um prazer egoista  de dar sem receber.
Todo esse tempo sempre mentalizei pra você bons fluidos...
Uma vida ao som de sax e flautas transversais,
Com direito a doze meses de primavera,
Destino em traço Renoir,
Coração aberto,
Sorriso largo,
Um amor pra ver o entardecer,
E muita FÉ.
Nenhuma dessas coisas mentalizei em causa própria,
Tanto que não me encontro subentendida
Em nenhuma brisa sequer dessa ventania de bons fluidos.
Talvez no fundo há um egoismo quando me justifico dizendo que te ver feliz,me faz feliz.
Afinal que direito eu tenho de amarrar a sua felicidade na minha?
Mas é tão nobre tudo que esse sentimento me deu em troca.
Um emaranhado de versos rimados,
Melodias com você no refrão.
Canções que não quero cantar pra mais ninguém,seria traição.
Contraditorio dizer,mas o que há de se fazer?
Há certas regras ditas pelo coração,que quem somos nós para tentar entender?
Ultimamente tenho me lembrado de você, todas as vezes que passo por uma igreja,
Lembro do nosso ultimo encontro,
Do meu salto em queda livre,
Das mãos soando,coração aos pulos,
Retinas alegres.
Recordação gostosa de uma manhã chuvosa,
Capaz de fazer um corpo ardendo em febre,
Dispensar o descanso que tanto pede,
Para ir de encontro ao que a alma tanto esperou.
É...tenho uma história bonita pra contar.
É só aceitar melhor os fatos,organizar os acontecimentos,evitar questionamentos.
Misteriosamente hoje,faço mais samba,
Talvez seja pra pegar as harmonias das notas,
Pra aquietar o espirito.
Meu violão é que sabe os mistérios do meu coração.
Pois é ele que levo junto ao peito,
E brinco com as verdades,
Contando os meus segredos musicados,
As tais páginas proibidas.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Chico...



Não me lembro quando ele chegou,
É de se esperar,certos ventos não anunciam sua chegada.
E ele foi brisa leve,que arranhou a janela,
E teve os encantos descobertos só depois de levantar a cortina.
A ele, dei o nome de santo:
Francisco.
Chamávamos cariosamente de Chico,
Fazendo referencia também ao cantor e compositor.
Afinal,eles tinham o mesmo charme,o mesmo encanto.
Ele não entrou na minha casa,
Se contentou apenas com a varanda,
E algumas visitas matinais.
Fazendo duvidar até hoje de quem foi adotado,
Se foi ele ou a gente.
Sempre tive cachorros,gostava dessa fidelidade e companheirismo.
Mas foi com o Chico que aprendi a gostar de gatos,
Adotei uma personalidade "Cat People"
Gostei da sinceridade felina,
Dava amor e carinho quando queria,
Aparecia quando queria,
Sem se preocupar em fazer aparência,
Sendo visceral em tudo que fazia.
Chico nunca me pediu carinho,
Lar,ou qualquer outro gesto,
Ele era do mundo,e sempre deixou claro isso.
Impôs suas condições de liberdade e acatei com obediência.
Amei o Chico de graça,e acho que no fundo ele também gostava de mim.
Sentia isso quando ele me olhava fixamente,e passeava pelas minhas pernas.
Comemorava cada aparição dele,aprendi a valorizar esses breves momentos,
Pois sabia  que no final da tarde ele partia,
Sem saber se amanhã ele voltaria.
Sábio Chico,me ensinando a lição que o amanhã não me pertence.
E quando voltava,no dia seguinte,agradecia por mais essa doce e agradável visita.
E assim era nossa rotina, de ir e vir,sem saber até quando.
Me apaixonei por esse animalzinho,mas nunca pensei em prende-lo
Pois sabia que essa não era a sua vontade,afinal ele deixou subentendido essa condição.
Fazia questão de conquistar a confiança dele todos os dias para que ele voltasse na manhã seguinte.
Porque amor é isso,é liberdade,é confiança conquistada,
É visita desejada na minhã seguinte.
Mas uma lição aprendida com o Chico.
O tempo foi passando e as visitas pararam misteriosamente.
Logo pensei,Chico que é do mundo,foi desfrutar da liberdade que tanto o pertencia, e sorri.
Mas eis que me deparo com o meu triste equivoco.
Em uma madrugada a maldade humana engoliu de uma vez as sete vidas do meu sábio Chico,
E levou ele da gente,levou ele do mundo,
Tomou as nossa companhia matinal,
Tomou a liberdade que ele tanto gostava,
Tirou de mim o doce coração que tanto nos ensinavam.
Como pode?
Será que ele não tinha direito de pelo menos mais 6 vidas?
Será que ele não tinha direito de pelo menos se despedir da gente?
Será que ele não tinha direito de pelo menos não sentir dor?
Esse não pode ser o caro preço da liberdade.
Lição para aceitar essa perda só o Chico poderia me dar.
Ele ficou tão pouco tempo com a gente.
Mas o suficiente pra nos envolver com o seu encanto.
Amamos o Chico cada segundo que Deus nos presentou com as suas visitas.
Chico nos ensinou a aproveitar o agora.
Chico nos ensinou o prazer da liberdade.
Hoje Chico foi para o seu lugar merecido por direito,
Está no céu com anjos iguais a ele,
Desfrutando da liberdade melhor que a nossa.
Em nossos corações fica a saudade e a lembrança desse nobre amiguinho.
Nos nossos sussurros ficam as orações pelo Chico e o lamento por quem fez isso com ele.
As 6 vidas que ele não teve direito fica em forma de lembrança dentro de nós.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Versos dedicados...


Lembra daqueles versos que dediquei claramente a você?
Até hoje rio da minha da ousadia desmedida,
Do meu impulso decisivo.
Você não sabe o quanto foi difícil...
A minha decisão insana,
De redigir sentimentos camuflados para evitar bandeiras, sinais.
Porque escrever pra você sempre foi muito fácil,
Era só falar do melhor que existe em mim.
O melhor que tanto falo que foi você que despertou.
O resto é barquinho na lagoa que o vento dita o percurso a ser traçado.
Pois é, li aqueles versos apenas uma única vez,
Apesar de ter a mania de ler incessantemente cada texto,
O seu, logo o seu, que é o mais especial, li apenas uma vez depois de pronto.
Sabe por quê?
Pra preservar o encanto da emoção do primeiro impacto.
Pra degustar a insegurança e o medo da sua reação.
E também porque no fundo se eu lesse mais de uma vez,
Eu iria pensar, repensar e trepensar, antes de lhe mostrar.
E acredito que a arte não deve ser pensada,
E sim, sentida.
E senti cada silaba,
Cada verso,
Cada tremor do meu corpo.
E também se pensasse não lhe mostraria,
Você e eu nunca fomos coisas muito exatas, sensatas, racionais.
Foram três dias...
Três dias de noites mal dormidas,
De pensamento que não cessa.
De sentimentos exacerbados.
E no final,o ponto final...
Foi o sinal dado ao acaso,
Para que ele fizesse o que bem entendesse...
Afinal, minhas palavras já haviam sido ensaiadas o suficiente,
Já passava da hora de serem ditas,
E assim foi feito.
Abri meu peito, e lhe entreguei a lança.
O risco de sangrar em tuas mãos era grande,
Mas era o risco que corria.
Mas a lança virou seta, que acertou em cheio o alvo.
E meu coração aos pulos, sorriu e brindou tudo isso.
Agradeci todas as forças místicas,
Pelo grande feito de ter sua atenção.
Teus olhos percorriam pelos meus versos,
E passeava pelas vielas do meu coração.
Abriu a represa da minha emoção.
Nunca vou esquecer a sua reação.
Senti como se minha missão de vida tivesse sido cumprida.
Atravessei o oceano a nado, pra entregar esses versos ao real destinatário.
Pronto! Missão cumprida.
Valeu à pena, imaginei o seu sorriso,
Ganhei o dia, o ano.
Escutei a gargalhada da vida,
A peguei pelas mãos, e nada disse,
Apenas sorri...
Minhas palavras tão ensaiadas foram finalmente ditas!
Meu livro pra você está mais que aberto,
Leia-me
Decifra-me
Acredito que vai encontrar mais Você do que a mim.

Vida lá fora...


Adoro o cheiro de gasolina...                                                             
É um vicio estranho, mas é quase uma atitude de legitima defesa.
Em dia de transito lento o cheiro da gasolina é o túnel do tempo que me remete a infância.
Pois quando criança vivia em uma casa grande, de muro alto.
Tão alto que me impedia de ver a vida lá fora.
Tão alto que me fazia duvidar da existência de vida La fora.
Quando as pessoas passavam de carro na minha porta,
E eu corria para ver a movimentação de quem partia.
E a brisa batia no meu rosto acompanhado do forte cheiro de gasolina.
Era nessa hora que o portão se abria, e eu constatava o que temia.
Sim, existe vida por trás dos muros altos,
Existe vida, por  trás daquilo que me protegia e me cegava,
Sim, existe vida por trás daquilo que me limita.
Então associei a gasolina, com liberdade.
Associação mais feliz não há.
Pois a liberdade, assim como a gasolina,
É o combustível que nos move,
É um preço caro para seguir em frente.
E se usar erroneamente, chega ser inflamável.
Hoje, já na vida adulta,quando a brisa bate novamente no meu rosto,
Acompanhado do forte cheiro de gasolina, chega me dar arrepios,
Fecho os olhos e volto pra minha infância de vida roubada.
É o cheiro da liberdade beijando minha face
Aqueles muros que impediam minha visão, não existem mais,
Passo por eles todas as manhãs, e ele me impede de ver as coisas que ficaram para trás.
Ele me protege de ver o passado de vida morna.
Momento que eu me misturo com a “vida lá fora"
Transito parado,é gasolina,é memorias do tempo de menina.