domingo, 31 de julho de 2011

"Volto os olhos para o instante e tudo aquilo que se foi"



"Volto os olhos para o instante e tudo aquilo que se foi"
Essa foi a unica dica que você me deu,
Forma como você se definiu,
A partir dai,fui traçando seu perfil,
Definindo nossas compatibilidades.
E o que eu achei?
Unica conclusão que pude chegar
É que eu me perdi no tempo,
Resta saber se é um tempo que você quer resgatar.
E resposta pra esse questionamento não há.
Te analisar em verso,é bem sugestivo,
Como tivesse te transportado para o meu mundo,
Por um breve instante,
Tempo suficiente de pronuciar essa frase.
E eu não sei quem criou,quem é o autor,
E se soubesse de fato ganharia minha admiração,
Pois conseguiu o que há tempos estou tentando,
Fez a arte dele chegar em você.
Minha vontade é tanta que minhas palavras cheguem ao real destinatario
Que no dia que isso acontecer,
Pode ter certeza que serei capaz de sentir seus cilios roçando em minha pele
Enquanto teus olhos passeiam em minhas frases,
Tamanha é a ligação dos meus versos com a realidade.
Também volto os olhos para o instante e tudo aquilo que se foi,
Compartilho com você essa ideia...
Contemplar a raridade dos momentos que se foram,
Que o tempo tirou do centro das atenções
Enquanto as lembranças não voltam e resgatam e traz tudo à tona.
Essa que é a beleza de olhar pra dentro,
Ter a ilusão de dominio sobre o tempo,
Pois sempre que precisa,recore pra reviver o que passou,
Isso que eu costumo chamar de “preterito mais que perfeito”
Fugindo um pouco das normas gramaticais,
Fugindo das regras e mergulhando fundo no que é raro.
Esse é o encanto dessa frase,que é o mesmo encanto que te rodeia.
Eu me perdi no tempo,e se você ir fundo pode até me encontrar,
Juro não criar resistencia se sua lembrança vier me resgatar,
Mas vem logo,pois quero sentir seus cilios roçando em minha pele,
Quando em meus versos seus olhos forem passear,
Que lendo minhas palavras você poderá me desvendar.

 
És um senhor tão bonito
Quanto a cara do meu filho
Tempo Tempo Tempo Tempo
Vou te fazer um pedido
Tempo Tempo Tempo Tempo...
(Oração ao Tempo - Caetano Veloso)


Vai teu caminho que eu vou te seguindo
No pensamento e aqui me deixo rente
Quando voltares, pela lua cheia
Para os braços sem fim do teu amigo!
Vai tua vida, pássaro contente
Vai tua vida que eu estarei contigo!
(Monólogo de Orfeu -  Vinicius de Moraes / Antonio Carlos Jobim)

sábado, 30 de julho de 2011

Nas Entrelinhas...

Estou trabalhando em alguns melhoramentos pessoais,
Cansei das entrelinhas,
Ninguém me conhece o suficiente para seguir minhas dicas
Matar minhas charadas.
Rumo ao escracho,
Direto ao ponto é a minha próxima parada.
Vou aos poucos, com calma como sempre,
Quem sabe no próximo texto eu cite seu nome,
Dou seu endereço,
E coloque sua foto,
E quem se incomodar,
Que bata em minha porta
E tente me calar,
Ultimamente estou assim,
Comprando qualquer briga,
Mesmo sem acreditar, sem grandes razões,
Simplesmente por brigar
Pra mostra que há em mim um SER HUMANO,
Não que eu tenha me tornado uma boçal.
Mas é que às vezes ter o dedo em haste,
Gritar, comprar uma briga, defender uma idéia,
É importante para quem sempre teve o silencio como aliado,
Usava as entrelinhas não por artifícios de linguagem,
Mas é que o que fica no ar sempre me dava o beneficio da duvida,
Se as coisas não saiam como esperava,
Usava o artifício de ter sido mal interpretada,
Mas agora decidi sair de baixo da saia da duvida,
Ser direta...
Dar a cara...
E esperar o tapa,
E doa quem doer, afinal, tudo tem seu preço.
E lendo Martha Medeiros, sua obra sobre coletâneas de cartas,
Levei um choque que me acordou para vida,
Na apresentação do livro diz:
O que precisa falar de uma vez por todas –
Mas desiste, espera até chegar o momento mais apropriado?
As pessoas que assinaram as cartas deste livro decidiram não esperar mais –
E resolveu colocar as cartas na mesa (...).
Me chamou a atenção a forma como essas pessoas eram diretas para expor seus conflitos,
E assim elas eram sinceras, não só com os destinatários das cartas,
Mas sim com seus sentimentos,
Pra que correr o risco de não ser compreendida?
Deixar o importante ser dito no amanhã,
Esquecemos que o futuro não está em nosso poder.
Às vezes prendemos o que sentimos sem perceber,
Pior tipo de seqüestro é esse,
Que auto furtamos nossa chance de sentir
E viver abertamente esse sentimento,
Isso é auto sabotagem, masoquismo,
Então arriscar indo direto ao ponto é a nossa melhor saída,
Pior das hipóteses é a queda...
E desde criança já sabemos que do chão não passamos,
E o chão é o que existe de mais firme.

domingo, 24 de julho de 2011

Verdade que grita...

Te amo...
Sempre te amei...
Confesso e tenho medo de te amar pra sempre.
Essa é a grande verdade,
Verdade que grita e ecoa pelas paredes deste quarto.
Te amo,e nada foi tão simples como conseguir te amar,
E explicação pra tudo isso também confesso que não sei dar.
Te amo tanto que nem exijo mais reciprocidade.
Aqueles velhos planos de lírios, bilhetes,
Filmes, de acordar de madrugada pra te ver dormindo,
E depois levantar e preparar seu café,
Te dar bom dia antes do sol,
Te encontrar no entardecer e perguntar como foi seu dia,
De fazer música, verso, poesia, expor meu lirismo passional,
Tudo isso, onde vou colocar?
Nada cabe em apenas uma parte de um coração partido.
E juntar os pedaços leva tempo, e temos esse tempo pra perder?
Tudo se esvaiu depois daquela foto da união de duas vidas,
Pela primeira vez senti o amor escorrendo pelos dedos,
O coração deu aquela pontada, a garganta deu um nó,
Foi uma tapa na cara...
Mas mesmo assim pensei:
Que sorte, tomara que consiga te amar a altura,
Não que eu duvide, isso jamais,
Afinal, te amar não é uma tarefa difícil.
Mas eu torço pela sua felicidade,
Mesmo que ela não seja a minha...
Lição que aprendi ainda com pouca idade,
Que a felicidade de quem amamos fica sempre no patamar das prioridades,
Se sentir feliz com o descontentamento da pessoa amada,
É egoísmo, domínio, é terreno onde amor não brota.
Até nos momentos impróprios o meu amor arruma artifícios de se manifestar,
Como se dissesse:
“Ei...eu existo e estou mais vivo do que nunca,ate quando não devo.”
E o que fazer?
Tudo que havia ensaiado não cabe no contexto,
Minhas frases feitas perderam todo efeito,
Nem nas canções que ouço consigo o conselho de como agir,
Talvez seja essa a resposta,
Não há o que fazer, isso está implícito no meu silencio,
Definitivamente o sentimento de impotência é a faca que mais corta.
É a hora do ponto final entrar em cena...
Mas não consigo finalizar nem meus versos,
Dar o ponto final era como “arrancar” parte de mim,
O que dirá dar um ponto final em você,
Pessoa que tanto amei, e ainda amo,
Responsável por cada pulsar do meu pobre coração,
Não por resistência da minha parte,
Talvez por teimosia do destino,
Ou encantamento demais em um só ser,
Não sei, a única certeza que tenho é que te amo!
E por te amar é que desejo esse alguém com quem divide os seus dias
Te ame mais e melhor do que um dia desejei te amar,
Que te complete, que cuide de você, que te acompanhe,
E que te faça feliz a cada minuto do seu dia,
E que saiba resgatar tudo que há de mais belo e se perdeu no tempo,
Que te ame com ou sem palavras nos pequenos e nos grandes gestos,
Só assim parte da minha felicidade será de fato concretizada,
Pois mesmo com minha pouca idade,
Sua felicidade sempre esteve no meu patamar de prioridades.

Você foi...
Dos amores que eu tive
O mais complicado
E o mais simples pra mim
Você foi...
O maior dos meus erros
A mais estranha história 
Que alguém ja  escreveu...
(Outra Vez - Isolda)

sábado, 23 de julho de 2011

Meu caro Cartola...


(...) Chora, disfarça e chora.
Aproveita a voz do lamento
Que já vem a aurora
A pessoa que tanto queria
Antes mesmo de raiar o dia
Deixou o ensaio por outra
Oh! Triste senhora (...)

É meu caro Cartola, em teus versos você previu minha triste sina,
E eu que achava que esse amor era algo secreto, meu grande segredo,
Me dei conta que não é de hoje que ele passeia pelos versos e bocas de grandes poetas.
Segui teu conselho, chorei e ninguém se deu conta do meu pranto,
Chorei por quem tanto amei na ausência,
Por quem eu quis antes mesmo de raiar o dia,
Chorei na aurora e no entardecer,
Há tempos que meu deserto virou mar.
E agora? Qual o próximo passo?
Se o desfecho dessa historia você previu,
Diga-me, em qual canção você relatou,
Em “Não quero mais” ou em “O sol Nascerá”?
Talvez em “Espero por Ti”?
Digas que meu futuro foi relatado em “Alvorada”,
Lá no morro onde ninguém chora, não há tristeza,
Ninguém sente dissabor...
Diga-me meu poeta de canto choroso,
Qual a cura para o desamor?
Enquanto a resposta vem ao meu encontro
Por meio de alguma de suas canções que certamente irei ouvir,
Faça – me um favor?
Quando estiver em alguma daquelas ondas medias e ondas curtas,
Dê voz a esse meu sentimento que sempre foi mudo,
Se meu amor estiver por perto cante a sua canção que diz:
Mesmo sem saber
Se viras um dia
Eu espero por ti
Confiante e só aqui
Eu espero por ti
Pra te dar o amor
Que existe em mim
E
encontrar a paz
Por fim (...)”.
Que eu baixinho, estarei aqui cantando contigo,
Sei que irá me ajudar,
Que assim como eu, tu também chorastes,
Sentiu a dor de ter um peito vazio,
De procurar alento nas rosas,
Fez promessas para conseguir um grande amor,
E que viveu em um mundo,
Que assim como o meu é um moinho,
Vai, leva o meu recado,
E volta pra povoar minha alma deserta
Com teu canto choroso e teu verso amigo.


domingo, 17 de julho de 2011

Falta de espaço...


Madrugada de inverno,
Inicio de domingo,
Foi quando eu descobri a razão de toda dor,
‘’FALTA DE ESPAÇO’’
Tudo em grande quantidade não cabe em um só ser,
É muito amor, muitos planos,
É tanta saudade, inúmeros enganos,
Muitas lembranças,
Declarações de amor não ditas,
Chegam querer escapar se não ficar atento,
Guardo tudo em dobro,
Porque também amei em dobro,
Na falta do seu amor, amei por dois,
Isso pode até soar poético, nobre, passional,
Mas na pratica, corta a carne, tira o sono,
Dói a alma, mata aos poucos,
É como querer reter a correnteza,
Prendendo - a entre os dedos,
Não adianta, uma hora escapa,
Mesmo estando presa nas mãos.
E nessa minha falta de espaço,
Por sobrecarga de sentimento,
Escapa amor pelos olhos,
Poros, boca, sorriso,
Formando um rio,
É onde brota toda dor,
Pois meu rio de sentimento não tem onde desaguar,
Onde você está não tem mar.
Pego a estrada em disparada,
Rumo ao que me move,
Vou encontrar você,
Quem sabe bater na sua porta de madrugada,
Recitar mil versos na sacada,
Apresentar-te meu canto, meus versos que nunca me pertenceram,
Todos são seus...
Minha respiração ofegante,
Meus arrepios constantes,
Lírios vou te oferecer,
Todos os tipos que existir ou que puder imaginar,
E como um cavalheiro em tempos remotos,
Com a arma em punho, bradar aos quatro ventos:
“Te Desafio a me amar”
Tens Coragem?
Fecho os olhos, a espera de um sim.
Mas o sim não veio...
Pois não sai em disparada ao seu encontro,
Não tive tempo de recitar mil versos,
De lhe mostrar meu canto,
Não bati na sua casa de madrugada,
Não tenho nem ao menos seu endereço,
Apenas fiquei perdendo o meu amor pelos cantos,
Por falta de espaço, em um inverno frio de um “quase” domingo,
Foi quando eu descobri que a minha dor é por excesso de você.

MIOPIA...


O mundo nunca foi para mim algo muito bem definido,
Claro de simetria perfeita,
Sempre me pareceu confuso,
Um emaranhado de pessoas num vai e vem sem razão,
Mas quando dizia esse meu ponto de vista,
A primeira coisa que as pessoas faziam era perguntar por que eu pensava assim...
E como de costume, não sabia explicar, simplesmente pensava...
O ser humano quer explicação pra tudo,
Mas nem tudo tem uma explicação plausível.
Pois bem, o conflito já estava montado,
Meu ponto de vista sobre um mundo assimétrico,
Sem explicação.
Mas eis que surge minha tabua de salvação
A ciência respondeu meu dilema,
Um diagnostico que serviria de explicação
Para esse meu ponto de vista
Um tanto quanto confuso...
MIOPIA!
Isso, esse probleminha que atinge cerca de 25% dos adultos
Faço parte desse seleto grupo de pessoas.
Logo tratei de providenciar um óculos,
Meu companheiro de observação inseparável,
É bom poder dividir com alguém um mesmo ponto de vista,
O mundo sempre me pareceu grande demais para caber em apenas um olhar,
Agora além de ver, posso até ampliar...
Adquiri também uma visão seletiva,
Os óculos me apresentaram uma armadura,
Sempre que tinha medo, insegurança,
Não os usava, era a maneira que encontrei.
De não ter que encarar a realidade que me doía,
A realidade desconcertante é melhor não ver.
Não encaro uma platéia de óculos,
Não dispo a minha alma de óculos,
Não te olho nos olhos de óculos,
Não quero ver meu corpo sendo alvo de tantos olhares,
O olhar sempre foi de grande importância para mim,
O olhar sempre teve o poder de penetrar pelos poros,
Desbravar o meu ser...
O olhar é algo totalmente desconcertante,
Mas agora consegui um escudo para os meus.
Uso óculos para ver melhor o que me encanta,
O que me enche os olhos, degustar os detalhes,
Para organizar as idéias.
Mas onde tudo isso começou?
Não sei dizer, afinal tenho dificuldade de definir o ponto de partida,
Não sei se a percepção de um mundo assimétrico ocasionou a miopia,
Ou a miopia que me fazia ver o mundo com outros olhos.
Só sei que ganhei um assistente
Para me ajudar exercer esse duro papel de observador,
Tornar as coisas mais claras e simétricas
E que me permita escolher quando a realidade não deve ser vista,
É quando ele sai de cena, eu dispo a alma,
Sem me preocupar com os olhares,
Que existem, mas não vejo,
Pois vale ressaltar que quando a realidade é desconcertante é melhor não ver.

domingo, 10 de julho de 2011

Quando a vida sorriu para mim...


Ultimamente tenho levado muitas palmadas da vida,
Mas nesse ultimo dia de junho,
Ela resolveu me dar uma trégua,
Acarinhou-me o rosto,
afagou os cabelos,
Sorriu e eu correspondi o sorriso.
Levantamos bandeira branca por um breve momento.
As pessoas tiraram esse dia para demonstrar o carinho que elas tinham por mim,
Confesso ter me surpreendido com tantas demonstrações de afeto,
Eram ligações gentis, abraços singelos, surpresas agradáveis,
Pessoas que tanto amo, guardou esse dia para passar ao meu lado,
Foram tantas coisas boas, que nem me importei ao perceber que mais um ano se passou,
E mais uma vela se junta as outras em cima do bolo.
Engraçado, que meus 20 anos chegaram bradando aos quatro ventos
Mais uma lição para ser incluída na minha escassa lista de grandes experiências:
Que eu, uma pessoa que se diz gostar das coisas nas entrelinhas,
Esperei chegar um dia especifico do ano para notar o amor que me rodeia...
Só porque nesse dia as pessoas deixam claro o desejo delas por minha felicidade,
Se surpreender com as demonstrações de afeto, sendo que eles sempre existiram,
Em um olhar, um sorriso, um gesto acolhedor,
Uma piada estratégica quando na verdade se que chorar,
Ou uma presença silenciosa, que diz que nunca estamos sozinhos,
Isso pode ser visto facilmente nos 364 dias do ano,
Mas só no aniversário que nos damos conta,
Em apenas um dia somos gratos a um amor que recebemos todos os dias do ano,
Mas que passa despercebido.
Enquanto aquelas pessoas me abraçavam,
Eu pensava nesses momentos,
Enquanto elas me desejavam felicitações,
Recordava o quanto elas contribuíram para que a felicidade fosse de fato concretizada,
E eu agradecia...
Agradecia por ter lembrado do meu dia,
Por me desejar tantas coisas boas,
E por dentro, agradecia por te – las ao meu lado.
E percebi como levamos uma vida sem sensibilidade,
Deixamos passar as pequenas coisas,
Esquecemos que é nelas que se escondem os grandes encantos da vida,
Sempre colocamos as coisas erradas nos pedestais,
Colocamos o problema, o estresse, as magoas,
E o amor que está no nosso lado,
Passa despercebido.
Só no aniversario que ele sobe ao palco,
E rouba a cena.
E isso me faz admirar ainda mais o ritual de comemoração do nascimento,
Vê além do bolo, balão e presente,
Ver a verdadeira essência da comemoração
Que é agradecer o nascimento de uma pessoa querida,
E comemorar a permanência dela em nossas vidas,
E concluir que 10, 20,100 anos é pouco
Para quem quer viver a eternidade caminhando lado a lado,
E comemorar cada ano que se passa.
Tudo isso percebi quando a vida me deu uma trégua de sorriu pra mim,
Olhe a sua volta,talvez a vida sorriu e você nem viu.

sábado, 9 de julho de 2011

Reciclar o que não se vê...


Resolvi tirar a poeira de todas as coisas,
Dar uma cara de vida para tudo àquilo que estava intacto há tempos,
Me dei o trabalho de levar coisa por coisa lá pra fora,
Pra pegar um sol, sentir a brisa,
E tive sorte, porque o dia estava lindo,
Céu azul de inverno,
Me parece que as flores também tiraram o dia para se renovar.
Ventava bastante,
O suficiente para afastar todo mofo,
Poeira, maus pensamentos,
Mas se eu tiver sorte mesmo...
Bate um vento bem forte vindo do sul
E trás você pra mim...
Quem sabe?                                        
Devemos ter esperança não é mesmo?
Esperança também foi uma das coisas que levei para tomar um sol,
Não estava empoeirada, mas sim intacta,
Levei só pegar uma cor,
Conhecer o inverno, afinal ela merece,
Pois está em toda parte da casa,
Percebo quando vou à cama e lá encontro um fio,
Na sala encontro outro fio e na cozinha também,
Quando penso no futuro, em segundo plano consigo ver um fio,
E quando vou investigar de onde saiu esse emaranhado de fios,
Percebo que é da Esperança...
Há fios de esperança espalhados por toda casa, em todos os momentos.
Também levei os meus sonhos para o quintal,
Cansei de guardá-los embaixo do travesseiro,
Pendurei no varal para quem passasse pudesse vê-los.
Levei também a raiva, medo, magoa,
E todas aquelas quinquilharias que empurramos pra debaixo do tapete,
Dessas coisas eu me desfiz, deixei a cargo do vento escolher um fim a elas.
Levei todo amor e coloquei na sacada,
Era o que havia em maior quantidade,
Tinha de diversas formas, nobre, infindo e bonito.
Também Levei um exemplar de serie limitada do meu passado,
Raridade, não se produz mais, nem em replica,
Esse sim, estava empoeirado, com mofo,
Foi complicado levá-lo para fora,
Pois era pesado, tinha a forma de um baú,
E continha um grande adesivo vermelho com letras grandes com o seguinte dizer:
CUIDADO! FRAGIL.
E quando abrimos, começa tocar músicas de cada época da minha vida,
Canções de ninar, saltimbancos, Leoni, Marisa Monte...
Enquanto isso podem-se ver claramente os meus primeiros passos,
As pessoas que amei,
Os amigos que cativei,
As lagrimas que derramei,
Os tombos que levei, e as vezes que me levantei,
Fragmentos de mim se encontram naquele baú.
Tudo isso ficou exposto para quem quisesse ver,
Todos assistiram de camarote meu processo de renovação,
Meu dia de limpeza,
Aconselho a todos experimentar tirar a poeira de todas as coisas de vez enquanto,
Deixar o sol entrar, se desfazer das mazelas,
Zelar pelas tuas riquezas,
Exercer o processo humano de reciclar o que não se vê,
O que não é palpável.              

domingo, 3 de julho de 2011

O que você desconhece...




Existem algumas coisas que talvez você não saiba...
Que a fome mata uma criança a cada 5 segundo no mundo,
Que a cada 13 minutos um brasileiro é assassinado,
Que o mundo perde três espécies por hora,
Que nos próximos 20 anos, a depressão deve se tornar a doença mais comum do mundo.
Isso são dados de estudos e pesquisas feitas por órgãos responsáveis,
Mas os dados que vou citar agora, são provenientes de observações pessoais,
Que com certeza você também desconhece:
Que uma pessoa, mesmo com pouca idade é capaz de se apaixonar,
E esse amor lhe acompanhar por muitos anos,
E que dificilmente alguém que saiba dessa historia
Não ache loucura.
Que eu melhorei daquela alergia.
Que encontrei algo que me mexe comigo mais que você,
Que dei pra ouvi Carla Bruni ininterruptamente.
Que comecei a escrever compulsivamente.
E pinturas em tela nunca me chamaram tanta atenção.
Ah...tenho uma mania nova,
Comecei contar todos os números que encontro pelo caminho,
Até a somatória deles dar 11,meu número da sorte,lembra?
Esqueci, isso você também não sabe.
Quebrei aquela minha regra de não ler o mesmo livro mais de uma vez.
E que tentei adotar um gato que se chamava Chico, mas ele era “fêmea”,
E um pouco agressivo, um belo dia me deixou,
Pra confirmar minha teoria, os gatos não gostam muito de mim.
E acabei de perceber que escrevo textos como se estivesse falando com você,
Pelo visto sua ausência onipresente continua a me acompanhar.
Que falo mais quando estou sozinha do que quando estou acompanhada.
E tem dias que tudo que preciso é ouvir sua voz.
E já procurei saber quantas espécies de lírios existem no mundo,
Pois pensei em encher sua casa deles em um belo dia de outubro,
Nem sei se gosta, mas tenho um carinho especial por eles,
Quando vendo um filme descobri seu significado:
“Te desafio a me amar”
Achei bem sugestivo, não é mesmo?
Vivo a procura de sinais pra me dirigir a você nas entrelinhas,
E o que importa todas essas informações aparentemente vazias?
Informações sem fundo intelectual,
Que não dá para ser discutida em uma roda de amigos,
Não sai nos jornais, não vira livro.
Serviria pra te colocar a par da minha vida,
Mas que tolice a minha, tentar te colocar a par
De coisas minhas que você nem vai querer saber.
Mas tudo isso já estava me sufocando,
A realidade se torna dura,
Quando lembro que não faço parte dos seus planos,
Não sei como foi o seu dia,
Que te encontrar pra conversar não é coisa rotineira.
E o que fazer?Tentar suavizar essa realidade pode ser uma solução,
Dirigindo palavras que talvez nunca chegue até você,
Como se fosse morfina, que não cura, mas alivia a dor.

...Queria descobrir
Em 24hs tudo que você adora
Tudo que te faz sorrir
E num fim de semana
Tudo que você mais ama
E no prazo de um mês
Tudo que você já fez
É tanta coisa que eu não sei
Não sei se eu saberia
Chegar até o final do dia sem você...
(Tudo Sobre Você - John Ulhoa - Zélia Duncan)

sábado, 2 de julho de 2011

Deixa me perder nas tuas cores?


Deixa me perder nas tuas cores?
O traço na tela, a luz de velas,
O pincel que dá corpo a inspiração,
Seu momento de criação,
Meu momento de total deleite.
Suas mãos passeiam pelas cores
Desliza pela tela em branco,
E eu em meio aos teus encantos
Imagino...
Quem me dera no meu corpo você assim tocar
Dando sentido, sabor e cor a minha vida.
E eu fico ali a observar...
A arte da criação,
A fonte onde jorra minha inspiração,
O criador e a criação,
 Não sei quem é mais bela,
Se é você ou a tela.
Mas sabe de uma coisa?
Só olhar já me contenta,
Já preenche o vazio do desamor,
Tendo a íris presenteada com a arte esculpida pelas tuas mãos...
Chega doer, me faz temer o piscar de olhos,
Não quero perder nem um milésimo de segundo
Do tempo que tenho para admirar,
Contemplar a personificação da sua alma,
E sentir o amor penetrando pelos poros.
Chega ser passional,
Essa necessidade vital de te ver,
Assusta-me viver em meio a tanto querer,
Não sei se é impressionismo,
Dadaísmo ou aquarela,
Só sei que é você que me deixa assim.
E no cruzar das tuas pernas, eu me perco,
Fico sem rumo, não encontro o caminho de volta a realidade,
Então, meio que sem remédio, permaneço a olhar,
E desejar que um dia eu possa misturar-me a tuas cores,
Me tornar um de teus amores.