domingo, 23 de setembro de 2012

Meio Termo...


Cheguei, abri a porta.
Te coloquei contra parece e bradei:
 Me ame ou me odeie.
Mas não me ignore.
Odeio meios termos.
Essa coisa morna de não saber em qual dos extremos eu me adéquo mais.
E não espere que eu sente no meio fio a espera de suas respostas.
Porque volto a repetir, não gosto de meio termo.
Ou fico no meio da rua, eu permaneço na calçada.
Mande - me para o céu ou para o inferno.
Não me mande para o purgatório achando que minha loucura tem conserto,
Pois lhe adianto que não tem.
Ou sou insana ou santa.
Um mix das duas coisas é improvável.
Até mesmo porque eu não te amei pela metade.
Te amei com toda capacidade que meu coração dispunha.
O oposto disso seria te odiar.
E isso também é totalmente improvável.
Por tanto meu bem, continuarei te amando.
Só me diga o que você pode me oferecer.
O que devo esperar de você.
Porque essa excentricidade de morde e assopra já ficou um tanto quanto previsível.

Sentimento...


Você chegou, e eu estava cantando justamente a música que fiz pra você.
Deu aquele frio na espinha, como se em quatro minutos tinha desvendado a você todos os meus segredos.
Você me olhava como se já soubesse de tudo.
Ao mesmo tempo sorria como se não soubesse de nada.
Pelo visto fui discreta o suficiente para não deixar transparecer todo sentimento.
Se ao menos você fosse um pouco cabalístico com certeza saberia.
Sorte a minha você não ser.
Certas verdades é bom serem vistas com olhar de distanciamento,
Para evitar certos julgamentos.
Julgamentos precipitados esses.
Porque pra me entender você teria que me ouvir.
E tenho tanto a dizer.
Acho que em apenas uma vida não daria pra explicar.
E você não acredita em outras vidas além dessa.
E o que fazer com a transcendência de nossas diferenças?
Declaro-me pra você que por sua vez ri.
Mas fiquei feliz, escrevi versos que finalmente chegaram até você.
Era esse o objetivo, porque reciprocidade não é algo que me apetece.
Se bem que às vezes me pego pensando como seria minha vida
Se você tivesse dito sim pra mim.
Penso em toda eloquência de como uma palavra,
E três letras podem mudar todo percurso de uma vida.
Todo rumo de uma historia.
Pensamento tão real que às vezes chego ter a sensação que já tivemos uma historia.
Talvez sim, em outra vida.
Mas sua descrença me faz voltar para realidade.
Me faz escrever versos musicados pra você ouvir por descuido depois.
E sorri.
E me fazer sorrir também.
Despertando o que há de mais sagrado em mim:
O sentimento.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

A Vida Segue...



E assim a vida segue.
A gente nasce, chora, cresce, traça expectativas para um futuro.
Quisera eu ter olhado o prefácio da minha história antes mesmo de nascer.
Tudo me parece tão familiar e estranho ao mesmo tempo.
Você desaparece e reaparece com a mesma facilidade que abre a minha porta e entra em minha casa sem permissão.
Quisera eu saber em que capítulo você entra na minha historia.
E a vida segue, ela não para.
Se pararmos de nadar a gente afunda.
Se pararmos de correr os medos nos alcança.
Se eu parar de te procurar você me esquece?
E vamos nos adequando em nossas realidades.
O brinquedo que tanto sonhei na infância foi substituído por um giz
Desenho meus sonhos nas calçadas, algumas pessoas pisam e nem olham.
O livro que tanto gosto, não teve o final que eu esperava.
As palavras ensaiadas não foram ditas, mas sim camufladas.
O amor que sonhei em passar ao lado foi substituído pela mesmice morna de um olhar correspondido.
E sobra espaço, o que fazer com o vazio jamais preenchido?
Moldado de forma exata que te caiba.
Tudo que eu amo se despede sem me dar um beijo na face.
Tudo que eu gosto é envelopado com o que a vida me impõe,
E eu só faço polir as arestas.
Porque a vida segue, ela não para.
E nado incansavelmente para que a onda que bate não me leve.
Demorei tanto a dar a primeira braçada.
Me joguei no mar sem saber nadar,
E a vida nem parou para me ensinar.
Escrevo cartas e coloco em garrafas.
Sem destinatário revelado.
Segredos escritos a giz na calçada que a chuva apagou.
Xifópagos de querer e poder.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

O mundo é seu, mas se cuida...





Sempre foi assim.
Aparece me encanta e depois vai embora.
Tudo que eu amo vai embora no final.
Talvez seja esse o grande problema.
Não percebo quando esse tal final se aproxima.
Ele era tão pequeno, tinha tanto medo do mundo e também da gente.
Pensava se eu o envolvesse bem forte nos meus braços
Talvez o convencesse de nunca ir embora.
E assim eu fazia, o abraçava bem forte,
Ao ponto de ouvir a vibração daquele “Rom Rom” no meu peito.
Depois o suspendia de tal forma que ficasse na altura dos meus olhos.
E eu olhava de forma profunda aqueles lindos olhos verdes.
E repetia esse ritual inúmeras vezes.
Dizem que toda coisa linda, quando vista de perto mostra algum defeito.
Com ele não, ele era perfeito visto de qualquer ponto de vista.
Se eu soubesse que ontem era o seu ultimo dia com a gente,
Eu teria te abraçado mais forte, talvez não tivesse te largado até hoje.
Desculpa Mi, não pude te proteger do mundo,
Talvez tenha duvidado que você, com essa patinha tão pequena,
Não conseguisse abraça-lo por completo.
Ou talvez o território de segurança que estipulei pra você era pouco demais.
É difícil aceitar que você é do mundo e não meu.
Deus apenas nos presenteou por um tempo com a sua luz.
Cada barulho é uma esperança que você esteja voltando.
Sim, ainda espero te ver novamente.
Chamarei por você todos os dias.
E se você voltar, as portas ainda estarão abertas.
Enquanto isso rezo para que os anjos te pretejam de todo mal.
E que todo meu amor chegue até você de alguma forma.
Então receba Mi, o mundo é seu, mas se cuida.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Quando fecha os olhos pra cantar...





Estava guardando o violão no estojo quando ela se aproximou e disse:
­ ­
_Acho tão lindo quando você fecha os olhos pra cantar, porque não os fechou dessa vez?

Ainda de costas respondi:

_ Tive medo.

Ela rebateu:

_Medo?

Parei o que estava fazendo, sentei na beirada do palco, ela estava sentada na mesa em minha frente, estávamos com os olhos na mesma altura e disse:

_Sim, tive medo. Medo de te perder de vista como das tantas outras vezes. Você me observava me presenteava com tanta atenção, seria um desperdício fechar os olhos e não ver isso.
Sendo que todas as outras vezes que fechava os olhos era pra olhar pra dentro, consequentemente olhar pra você.
Talvez seja por isso que você acha bonito quando fecho os olhos pra cantar,
Pois os fecho para ir de encontro com a minha melhor parte, para ir de encontro a você,  para cantar pra você.

Ela me olhava com espanto, me ouvia atentamente, mas sem mover um músculo sequer.
Sabia do que eu sentia, como também já havia dito que só tinha a sua amizade para me oferecer, a aliança em seu dedo era reluzente, e o espanto era porque a tempos não deixava transparecer esse sentimento.  E me disse:

_Você está dificultando as coisas, você me chamou e eu vim, mas como amiga que sou.
O que houve pra você voltar nesse assunto?

_Quem dificultou as coisas foi você. Seria tudo mais doce se você aceitasse tudo que de fato eu disponho, sabe que eu preciso só de um “SIM” pra largar tudo onde eu estiver e ir ao seu encontro, tenho uma porção de coisas guardadas pra te dar, todas pra você e de mais ninguém até as minhas canções. Entendo que você dispõe da amizade pra me dar, e respeito e entendo, mas é que às vezes essa represa de sentimentos transborda e não consigo deter, não estou pedindo pra você ficar, por mais que eu queira. Só peço que entenda a profundidade de afeto que te olho e não peça pra tirar esse jeito bonito que você habita em mim porque eu não quero e não posso.
_Me dói te ver me amando assim, gosto de você da maneira que eu posso que não é da intensidade que você precisa. Já conversamos sobre isso e repetir só vai te machucar ainda mais. Vou indo...
_  Pelo visto vou te perder de vista sem ao menos fechar os olhos.
Ela me abraça, me dá um beijo no rosto e diz ao meu ouvido:
_Gosto de você de forma especial como você, só vou sumir por essa noite,
Te prometi minha amizade pra te dar o meu abraço e ajudar curar suas feridas da maneira que posso. E também  acho lindo quando você canta com os olhos abertos.
E assim ela partiu mais uma vez naquela noite.

No bolso...



Que o inesperado me surpreenda.
As horas se arrastam,
E eu ando pelas ruas a espera de ser abduzida por um disco voador.
A cada esquina tropeço em um dos meus complexos.
Eu já não caibo mais em mim.
Não pertenço a essa cidade.
Não pertenço mais a mim.
Esse sentimento de desapropriação que me aflige.
Sensação de que faço tudo errado.
Talvez seja isso, eu faço tudo errado.
E essa sessão de erros começou quando gostei de alguém
Da qual sou mera conhecida.
Às vezes desejava ser o cavalete que apoia sua tela.
Do que ser uma desconhecida.
Lamentável não é mesmo?
Mas isso é apenas um dos meus tantos erros.
Depois desse, vieram outros tantos do qual venho me lamentando até hoje.
Mas esse sentimento de desapropriação, o que fazer?
Parece que o mundo me colocou no bolso.
Espero que ele me tire por meio de um descuido qualquer.