segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Quando o passado novamente passou por mim...


Quando o passado novamente passou por mim,
Eu sorri...
O sorriso mais bonito, o mais sincero, o mais feliz.
Pra você, sempre separei a minha melhor parte.
Minhas melhores palavras, meus maiores cuidados.
O tempo retribuiu com muita generosidade meu esforço diário.
Não me levou com ele, e nem me deixou com você,
Não deixou que o vento me levasse,
Nem que a falta de uso me deteriorasse.
Deixou - me guardada em um cantinho qualquer,
Como quem repousa a semente em um solo fértil,
Que não precisa de cuidados, somente esperar o tempo de maturação.
E eu cresci, aprendi e me preparei com extrema dedicação.
Pra não deixar essa oportunidade escapar pelas mãos.
Tudo está sendo tão doce, tão leve.
Coração tranqüilo, tudo está mais claro.
Vi seu sorriso em minha direção,
E apenas vi o seu sorriso,
E não a minha única chance de ser feliz.
Você falou comigo, com o mesmo encanto de sempre,
Com gesto repleto de afeto,
Foi à confirmação da escolha certa para todos os meus versos,
Senti orgulho por um dia ter te amado.
Amei uma pessoa linda, de corpo e de alma.
Hoje resta uma admiração,
E uma vontade de estar perto,
Sem se importar de estar longe.
Mas “Estar” com você de certa forma.
Aceito o que você me oferecer,
Não por conformismo.
Mas por sabedoria de aceitar o que você puder me dar,
Assim como oferecer o que estiver no meu alcance.
Aos poucos, na medida em que eu for me mostrando.
Enquanto no seu universo eu vou entrando,
Aos poucos desbravando, substituindo sentimentos.
Sem expectativas, sem cobranças, sem ilusões.
Mas de portas e janelas abertas para o que estiver por vim.
Pra me conhecer, basta abrir uma fresta,
Que eu mostro quem eu sou...
Mostro o que eu me tornei.

...Que sera sera
Whater will be will be
The future's not ours to see
Que sera sera ...
(Pink Martini - Que Sera Sera)

domingo, 27 de novembro de 2011

Novos Venenos...


Dei para provar de novos venenos,
E confesso ter me encantado com certos gostos.
Provo dos venenos sem os antídotos por perto,
E descobri que o meu corpo é imune a muitas coisas que desconhecia.
E como é bom estar em constante queda livre,
Descobri que posso ser leve.
Livrei-me das bagagens pesadas
E agora?
Vamos dançar?
Mesmo sem música.
Mesmo sem alguém para acompanhar.
Mesmo sem saber dançar.
É só se deixar levar.
Lembra quando éramos criança,
E tínhamos medo de sair da borda da piscina?
Mal sabíamos que a vida é submersão.
Assim como andar de bicicleta,
Sinto dizer, mas a vida é desequilibro meu bem.
É um jogo de cair e levantar,
Os dados estão rolando,
Todo jogo tem regras, esse não é diferente,
Mas elas não são ditas previamente.
Nada é dito de antemão.
E ser feliz é quase uma obrigação.
Tenho perdido os meus medos.
Minhas atitudes passam por uma criteriosa seleção,
Se não faz mal a mim, e a ninguém,
Então me jogo...
E deixo que a conspiração do universo dite o próximo passo.
E está dando certo.
Tenho perdido o medo de ser mais feliz,
E ganhado um coração mais tranqüilo.
...Tem olhos de ressaca
mente aberta corpo são
e a medida certa para o meu violão
Veneno de escorpião
só de olhar me leva ao chão...
(Escorpião - Michelle Oliveira)

sábado, 19 de novembro de 2011

Limitação Humana...



Você não sabe o quanto que é difícil ter uma alma inquieta,
Habitando um corpo que é inércia.
Você não sabe o conflito que dá.
Você não sabe nada de mim...
Mas não te culpo, isso não é uma limitação humana,
É que realmente não sou de mostrar quem eu sou,
Minhas qualidades e meus defeitos,
Guardo em um fundo falso junto ao peito,
Tudo misturado, bem no fundo da gaveta.
Somente alguns defeitos arredios que me escapa pelas frestas.
E eu lamento tanto por isso, lamento minha imperfeição,
Como se em algum momento alguém tivesse me dito que seria minha obrigação ser perfeita.
Quando me mostro,lamento, antes,durante e depois do fato pressentido.
Eu mesma me julgo,me puno e me redimo.
Quando criança me lembro de inventar personagens,
Vivia querendo fugir de mim,adotando outras identidades,
Aproveitava da minha criatividade exacerbada,
Conversava sozinha com amigos imaginários,
Minha mãe sempre muito amável, nunca me taxou como louca,
Sempre me compreendeu.
E até hoje tento fugir de mim,e ainda me pego falando sozinha,
E minha mãe continua me compreendendo.
Pois é,desde muito cedo percebi que era fácil fugir do mundo,
Era só esconder debaixo da cama.
Mas fugir da gente... Acho que é impossível,
Essa sim é a nossa limitação humana,a de não dar tréguas.
Você deve estar pensando na covardia que é fugir de si mesmo.
Eis que  mais um defeito escapa pelas frestas.
Nunca devemos nos retirar da luta,
Muito menos quando é em causa própria.
Mas em toda guerra há um campo de concentração,
Há uma trincheira onde nos protegemos,
Traçamos a tática, curamos as feridas,
Um lugar para se refugiar, se recompor.
E é isso que quero dizer com a minha vontade de fugir e mim,
É trocar as vestes, cicatrizar as feridas,
Pensar na tática de conciliar os meus extremos,
De conseguir pacificar minha alma inquieta com o meu corpo em inércia.
Porque de mim eu não desisto, é que às vezes me canso.

...Eu não sei na verdade quem eu sou,
Já tentei calcular o meu valor,
Mas sempre encontro sorriso e o meu paraíso é onde estou...
Por que a gente é desse jeito
Criando conceito pra tudo que restou?
(Eu não sei na verdade quem eu sou - O Teatro Magico)

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Porta Fechada...


O que dita quem eu sou?
Sou como me mostro ser?
Ou sou o que penso e às vezes não mostro?
Alguns dizem que sou calada,
Fechada, metódica,
E se não tomar cuidado posso passar um ar de falsidade.
Falo o que sinto, mas não falo o que vivo.
Pareço uma desconhecida para os meus amigos mais próximos.
Desculpa, se minha imperfeição é tão evidente aos olhos.
Não faço por mal, é involuntário.
Não consigo falar de mim
Com mesma empolgação que falo sobre Carpinejar, Chico,
E o mico que paguei na semana passada, rio de mim mesma.
Será que sou tão fechada que chego ser uma desconhecida para mim?
E falar de mim é a mesma coisa que desenvolver uma tese sobre o Dilúvio mapuche,
Falar do desconhecido é optar pelo silêncio.
É não ter vontade de sequer tocar no assunto.
É como falar de como que hoje fez calor,
Para muitos soa como um assunto sem relevância,
Mas para outros é uma grande informação que significa indícios de chuva.
E como achar relevância, no pra você é convencional?
Minhas opiniões mais polemicas, costumo não dizer,
Quando digo, se há discordância, costumo não rebater.
Porque minhas crenças, o que penso e acredito,
Só diz respeito a mim acreditar fielmente,
Não vou empurrar minhas convecções goela abaixo do mundo,
Apenas comunico que elas existem.
Prefiro ouvir a falar,
Meu silêncio às vezes diz mais do que um discurso,
Mas não é tão audível quanto um grito.
Estou revendo os meus conceitos,
E mudando na medida do possível,
Então não exija o que no momento não poderei oferecer,
Estou a caminho de te agradar,
Mas garanto que não conseguirei te satisfazer por completo,
Mas reitero pedindo desculpas pelas minhas falhas,
Pela minha imperfeição tão evidente.
Sou uma porta fechada, mas as janelas estão abertas,
Pode entrar me ajude achar o segredo certo para as minhas trancas.
Mas não me pergunte porque que eu joguei as chaves fora.

...Às vezes você me pergunta
Por que é que eu sou tão calado,
Não falo de amor quase nada,
Nem fico sorrindo ao teu lado...
(Gita - Raul Seixas)

domingo, 13 de novembro de 2011

Quando o Amor Morre...


Desapaixonar faz tão bem quanto se apaixonar!
Afirmação aparentemente contraditória,
Mas condiz com a realidade.
Pois digo com conhecimento de causa.
Os efeitos são distintos,
Mas o resultado pode ser positivo.
Veja bem,quando nos apaixonamos,
O pensamento não cessa,
Passamos a pensar, olhar, querer tudo em prol da pessoa amada.
E quando desapaixonamos?
Quando morre o sentimento,
O amor é sepultado,
Passados os sete dias de luto,
Com velas, lágrimas e missa de sétimo dia,
O que sobra é o que o amor não levou da gente,
Começamos a sair de casa,
E vemos que no chão a sombra é única.
Atender ao telefone e consultar os recados da secretaria eletrônica,
E ver que o amor não deixa recados, nem de Adeus.
Conhecidos nos perguntam como estamos,
E o “Tudo bem” é quase que automático.
Com passar dos dias respondemos e ainda sorrimos.
Os casais na rua, não nos levam mais a nocaute.
As canções de amor não nos apunhalam mais pelos ouvidos.
E não choramos mais no inverno,
Descobrimos um novo vinho, que aquece, mas não embriaga.
Deus começa ouvir nossos pedidos para que cesse o pensamento.
O avanço é visto todas as manhãs no reflexo do espelho.
Sem ter quem cuidar, o que nos resta é cuidar da gente.
Ai que o amor tira a mortalha e passa nos fazer bem.
Mudamos o cabelo, acalmamos nossas afeições,
Mudamos todo o estilo e estrutura do armário,
E passamos a não ter mais pudor.
Todos cochicham a possível aparição de um novo amor.
Mas amor não há,
É só uma vontade que soa quase como uma necessidade de cuidar da gente.
Sem interesse ou má intenção de chamar atenção de alguém.
É juntar os cacos, somar os saldos, fazer um afago no pobre e errante coração.
É trabalhar pra ser melhor para os outros e para gente,
Só para enobrecer tudo do pouco que o amor deixou.


(...)Quando você me deixou, meu bem,
Me disse pra ser feliz e passar bem.
Quis morrer de ciúme, quase enlouqueci,
Mas depois, como era de costume, obedeci.
Quando você me quiser rever
Já vai me encontrar refeita, pode crer.
Olhos nos olhos,
Quero ver o que você faz
Ao sentir que sem você eu passo bem demais(...)
(Olhos Nos Olhos - Chico Buarque)

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Meu Bem,já é Outubro...




Estou no meio de um dilema literário,
Há poucas horas é o seu aniversário e eu não sei se devo relatar sobre isso.
Porque poderia significar uma recaída,
Teria que aturar os cochichos da minha consciência e do meu bom senso
Recriminando minha fraqueza.
Mas não lembro de ter delegado ao seu nome segredo de estado.
Seria um ato de coragem deixar que falem.
E aos que realmente se preocupam,
Podem ficar sossegados, assim como meu coração,
Que está livre de um amor antigo,
Mas não me peçam para me desfazer dos velhos costumes,
De esquecer certas datas, deixar que passe em branco,
O que há anos foi como tatuagem cravada junto ao peito.
Passar por “outubros”
Com a calmaria de quem descansa em uma varanda numa cadeira de balanço,
Vendo a primavera passar, como se fosse uma estação qualquer.
Seria improvável, pois não tenho varanda, muito menos cadeira de balanço,
Meu corpo não dispõe de tanta calmaria, e a primavera nunca foi uma estação qualquer,
Confesso que sempre gostei mais do inverno, e em segundo lugar a primavera,
Deixo implícito no meu gosto o meu estado de espírito,
No inverno eu morro, pra na primavera florescer.
Assim como as flores.
E o que dizer nessa data, no relógio já marca mais de meia noite,
E uma vez ouvi dizer que quando as pessoas são muito importantes em nossas vidas,
Uma forma que comemorar o seu nascimento,
É não esperar o nascer do sol para desejar felicitações,
E sim esperar o relógio marcar meia noite,
Desejar parabéns nos primeiros segundos do seu dia.
Faço isso com os meus,
Pra você eu nunca liguei meia noite,
Mas isso não é sinal de pouca importância, muito pelo contrario,
Nunca liguei porque não tenho seu numero muito menos intimidade para tal,
Mas pode ter certeza que nesse horário... Nesse dia,
Eu sempre parei para mentalizar coisas boas,
Feito oração, como se os anjos lhe entregasse durante o sono meus desejos repletos de felicidade.
Fiz isso todos os anos, religiosamente.
E agora, posso até imaginar seus amigos, sua família, seu amor,
Esperando dar meia noite para dar os parabéns,
Afinal é você uma pessoa bastante querida, não só por mim,
Isso eu pude ver.
O que eu disser agora se tornaria clichê.
Qual são as palavras que nunca foram ditas em um discurso de aniversário?
Não sei dizer. O que eu lhe desejo, já mentalizei,não há mais o que falar,
Certamente quando seus olhos se fecharem para mais uma noite de descanso,
Um anjo deve lhe visitar entregando meus desejos,
E se a janela estiver aberta, meus bons ventos vão entrar em seu quarto,
Tocará em seu rosto como um beijo, sussurrando em seu ouvido tudo que lhe desejo,
Sem que você se lembre ao acordar.

(...)É primavera,as flores saíram pra te visitar,
E já que não estou ai peço ao vento que leve pelo ar,
Minhas rimas,meu amor e tudo que preciso for pra te fazer sorrir.
Em Outubro eu não choro,eu não peço colo,não quero saber,
Em Outubro todos os caminhos me encaminham pra você.
Meu bem,já é Outubro(...)

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Ritual do Espetáculo...


Encanta-me o efeito da arte nas pessoas.
No palco Niemayer
Logo depois Chico, acompanhado com Portinari.
Antes o que era silêncio foi tomado pelo canto antecipado.
A todo pulmão todos cantaram o que antes era censurado,
Sem banda, palmas, batuque ou palco.
Batiam no peito, bradavam à compatibilidade de sentimentos contida naquelas palavras.
Nem o primeiro sinal os fez calar.
Essa arte já foi muito calada,
Hoje é livre e trasborda saciando nossa sede de música.
O segundo sinal...
O terceiro sinal...
E as luzes se apagam.
Sempre admirei esse ritual do espetáculo,
O espaço de tempo entre os três sinais e o apagar das luzes.
Todos os olhares se voltam para um único lugar,
O refletor no palco.
Mas o que ilumina mais?
As luzes no palco ou a alma do artista?
Ou os nossos corações musicados?
Todos passam ser embalados pela mesma canção.
O silêncio se finda,
O som finalmente se propaga,
Emoções invadem nossa alma com lembranças.
Apossamos-nos por sentimentos alheios,
E tornamos tão pessoais.
Registro de nossas vivencias.
E é tão generoso isso,
A arte nos faz sermos solidários aos sentimentos do outro,
E nos coloca no epicentro daquela emoção alheia.
Acredito que o encanto do espetáculo está não só no tablado,
Mas também no alvoroço da platéia,
E a efervescência que a arte causa dentro das pessoas.
E tudo isso acontece no intervalo de tempo
Entre o fim dos três sinais no apagar das luzes,
Os olhares atentos, as palmas e as reverencias de agradecimento do artista,
Que se finda no fechar das cortinas, e o show permanece dentro de nós,
Quando o fim da noite nos toma com a saudade do espetáculo.
                                         
...Subo nesse palco, minha alma cheira a talco
Como bumbum de bebê, de bebê
Minha aura clara, só quem é clarividente pode ver
Pode ver
Trago a minha banda, só quem sabe onde é Luanda
Saberá lhe dar valor, dar valor
Vale quanto pesa prá quem preza o louco bumbum do tambor
Do tambor...
(Palco - Gilberto Gil)