domingo, 29 de julho de 2012

Processo ilusório de desapego sentimental...

sábado, 21 de julho de 2012

Je Veux...

Para ser lido ao som de Zaz - Je Veux ♫

Me ensina sentar na sala de espera,
E aguardar minha vez folheando uma revista com toda calmaria necessária?
Como um rio que corre para mar, devagar, calmo e leve.
Foi assim, como quem espera alguém amado no altar.
Eu te esperei, com o mesmo brilho no olhar.
Com o mesmo calor gélido, tremor nas mãos.
Como uma mãe que aguarda a chegada de um filho,
Eu te esperei, com todo amor, e ansiedade.
Como quem espera alguém que retornará da guerra.
Eu te esperei com a mesma aflição e angustia.
Como uma criança que na noite de natal,
Luta contra o sono para a chegada do papai Noel.
Eu te esperei com a mesma disposição, expectativa e fantasia.
Você havia prometido me ligar.
E eu esperei... Como sempre.
Como tudo que se refere a você.
Je Veux  era o meu mantra.
Mentalizava, sussurrava.
E eu queria tanto, precisava tanto ouvir a sua voz naquele dia.
Quatro dias depois iria ser um dia muito importante pra mim,
E eu queria te contar.
Queria te contar que nas entrelinhas eu cantei pra você.
Cantei os versos dedicados e a sua falta.
Só faltava você.
E eu esperei por você um dia inteiro,
E a expectativa do dia seguinte também.
Celular em uma mão e coração na outra.
E você não ligou.
E não precisa se justificar.
Eu mesma me carreguei disso, quando atendia cada ligação que não era você.
Eu já me consolava com uma possibilidade de um fato que ocasionou o seu silêncio.
É... bem vindo a minha realidade.
De esperas e mais esperas.
E foi assim, acredito que foi como alguém que espera a pessoa amada,
Para ser a abandonada no altar.
Como a mãe que aguarda a chegada de um filho,
E depois constata o alarme falso.
Como quem espera alguém que retornará da guerra,
E descobre que esse alguém não voltará.
Como a criança que aguarda a chegada do papei Noel,
E acaba sendo vencida pelo sono sem ver o bom velhinho.
Todos tomados pela falta daquilo que tanto esperava.
A recompensa da espera que não veio.
A frustração de não ter aquilo que se quer é que dói na garganta.
Coração em uma mão e a dor na outra.
A dor coloca no bolso, coração no peito.
E espera, o tempo cala o que estiver doendo.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Coração na Garganta...

Para ser lido ao som de Milton Nascimento - Bailes da Vida

Minha alma cheirava a talco.
Subi naquele palco.
E nem precisa ser clarividente para ver que ali é de fato o meu lugar.
Coube-me tão bem.
Um segundo ventre, colo, berço.
Tudo começou na véspera do meu aniversário,
Ele me esperava em cima da cama.
Embrulhado com um papel roxo.
Queria simbolizar a comemoração do meu nascimento.
Comemoração dos meus 15 anos de existência e eu não queria valsa, nem debutante.
Queria  um amigo que me acompanhasse a frente aos refletores. 
Mal sabia que na verdade tinha nascido ali, naquele momento.
O parto foi concretizado no momento que rasquei o papel
Vi o violão, descobri o meu oficio.
E assim. Foi no quarto ensaiava "Minha Fé"
Prenúncios de fé e arte interligadas em prol de uma mesma causa.
Aprendemos juntos, crescemos juntos.
Ao nosso som e ao som dos nossos ídolos.
Em busca do caminho que vai dar ao sol.
Parceria perfeita.
6 anos se passaram.
Eis que chega o grande dia.
Meu segundo nascimento.
O tão esperado.
Quis ser leve.
Quis ser certa.
Quis pela primeira vez ser verdadeiramente eu.
Não me intimidar com os olhares, e todas aquelas luzes.
As mãos gélidas anunciava a importância de toda espera.
Sussurrava orações de calmaria.
Na plateia pessoas queridas que torcem por mim.
No corredor de espera Tom Jobim, Cartola, Milton entre outros ídolos,
Emoldurados na parede viam minha afiliação de aprendiz.
Sorri para eles, sorri pra doçura da cena, sorri de mim mesma.
Na foto eles também sorriam pra mim.
Busquei tranquilidade naqueles mestres, e pedi licença e permissão para dividirmos o mesmo oficio, para pisar naquele altar divino.
Andava de um lado pro outro, e o filme dos 6 anos na cabeça.
Coração na garganta, e eis que chega a hora de subir no palco.
Olho para os meus mestres, digo-lhes: É agora, vamos juntos no mesmo tom?
Fiz a oração aprendida ainda na infância, e dei 11 passos até o palco.
Respirei fundo, pé direito, depois o esquerdo, coluna ereta, ouvi os tais sinos imaginários.
Aqueles que sempre tocam para sinalizar o alinhamento dos astros, ponto de equilíbrio, encontro de alma, coisas mágicas concretizadas, quando Deus aparece.
Peguei o meu velho companheiro, coloquei junto ao peito e sussurrei:
Sou eu e você agora parceiro, vamos ser alma, vamos fazer arte, vamos ser um.
Em cima do palco éramos dois, mas sendo a voz de muitos, de todos que acreditaram em mim.
Que acreditaram na menina tímida, calada, que gostou de brincar com as palavras musicadas.
O primeiro acorde, primeiro verso, aplausos, arrepio pelo corpo inteiro, uma alegria jamais sentida antes.
Não tive medo dos olhares, nem das luzes, olhei e sorri pra tudo isso.
Pela primeira vez me entreguei por completo e publicamente sem trancas.
Expus meu corpo e alma, e ainda agradeci os olhares ao invés de fugir.
Me vejo e desconheço.
Essa sou eu, gostei do que vi, sou música.
Fui leve.
Ultima música, aplausos finais, agradecimentos finais.
Missão cumprida.
Encho os pulmões de ar, e o coração com a certeza de que eu quero isso pra toda vida.
Volto pra casa, diferente de como sai.
Como um rio que desagua no mar.
Com a roupa encharcada e a alma
Repleta de chão

domingo, 8 de julho de 2012

Piano a Quatro Mãos...


Alguns dias atrás foi o meu aniversário...
E a comemoração do nascimento é algo que me desperta a reflexão.
Porque é um momento que costumo olhar pra trás e ver os efeitos dos 365 dias em mim.
O quanto mudei, cresci, amadureci.
E esse ano está sendo muito especial.
Ando colhendo certos frutos, que outrora havia plantado sem grandes expectativas.
Claro que o crescimento humano não é medido em dias corridos.
E sim de presença e marcas deixadas por vocês em mim.
E as marcas que eu deixo em vocês.
E o maior presente é esse, ver que no fundo somos degraus que estimula o crescimento...
O nosso crescimento e o dos que estão em nossa volta.
Como se a vida fosse um concerto de piano.
Já viu um piano ser tocado a quatro mãos?
Acho bem melhor do que o convencional.
 Em sua essência inspira a união de uma mesma arte,
Rangida por dois sentimentos.
O que eu costumo chamar de “Pluralidade Singular”
Resulta em algo maior que a arte, música, e a si mesmo.
Cria uma terceira vertente que se desconhece,
Mas que talvez, se olhar de perto, você percebe que é a sua essência,
Que só foi descoberta graças à outra mão, essência encontrada em conjunto.
Piano tocado sozinho é apenas um piano.
É você, as teclas, e a imensidão de um banco vazio ao seu lado.
Piano tocado em conjunto, é um piano tocado a quatro mãos.
Então obrigada, por cada pessoa que engrandeceu meu “concerto” por mais um ano.
Por ter me dado à dádiva da convivência, e com isso contribuído com meu crescimento.
Com a minha arte, com a minha formação de um ser humano melhor.
Obrigada por cada palavra, por cada olhar.
Obrigada por se permitirem a entrar no meu “Universo Particular” aparentemente tão difícil de entrar, tenho tentado deixar as portas abertas, ao invés das janelas.
Obrigada pelas longas amizades, e pelas amizades que estão sendo cativadas.
Pelas pessoas que sempre esteve ao meu lado, e as que reencontrei  recentemente.
Obrigada!
Meu presente é esse, olhar para o lado e não ver um banco vazio.
E sim pessoas queridas que me ajudam a encontrar a minha essência.
A essência encontrada em conjunto, assim como um concerto de um piano a quatro mãos.
Obrigada.