domingo, 25 de setembro de 2011

O poder da vírgula...


Sem o epicentro das minhas emoções
Comecei ter um olhar mais atento sobre todas as coisas,
A procura de algo que me desapertasse a emoção,
Foi quando eu lembrei de Augusto Cury,
E de sua sabia percepção sobre a “vírgula”
Que vai além da pausa, da separação de idéias,
Da concordância textual, do sentido semântico,
Mas a vírgula na pratica, no cotidiano de nossas vidas,
E como ela pode ser essencial para a continuidade.
Um dia seguindo o meu ritual diário,
De acordar cedo e enfrentar o holocausto que é uma segunda feira,
Pelo caminho me deparo com um alvoroço diferente do habitual,
Uma multidão, controlada por policiais e bombeiros,
E no meio de tudo isso, um homem querendo por fim a sua própria vida,
Triste saber que suicídio nos dias de hoje se tornaram um atrativo que reúne um aglomerado de pessoas em volta da dor do outro.
Mas nesse momento me senti no livro do Cury,
Onde ele relata uma situação como aquela que estava presenciando,
Vários motivos puderam ter levado aquele homem, pra aquela decisão,
Motivo esse que todos desconhecem.
Os bombeiros tentavam dar milhares de razões pra ele não pular,
Distraindo para que assim pudessem salva-lo,
Mas tirar aquele homem da zona de perigo seria a solução?
Não sei, sou adepta de Cury e acredito no poder da Vírgula,
Ela sim nos permite a continuidade, fazer uma pausa para tomar fôlego e prosseguir,
Já o ponto final é o tiro de misericórdia, ele que simboliza o fim,
Depois dele o assunto muda, a estrofe acaba, o texto se finda,
Motivo já não há, e aquele homem estava prestes de dar o ponto final em sua existência.
E me afligia não ver ninguém interessado a vender uma vírgula,
Talvez fosse isso que ele precisava, dar uma pausa para depois dar a continuidade,
Às vezes acontece isso mesmo,
Em certas construções textuais cometemos sérios erros de pontuação,
Colocamos um ponto final em um lugar onde uma vírgula resolvia,
Mas a vida não dá trégua, a dor sufoca,
E na vontade de por fim ao sofrimento,
Acabamos de quebra pondo um fim em nos mesmos,
Talvez ele procurou a virgula no lugar errado,
Num copo de cachaça, em prazeres provisórios.
Ou a sede de viver causou a contradição,
Fazendo transitar nos extremos irreversíveis.
De pensar que aquele coração que um dia foi criança,
Que amou, foi amado, sentiu dor e que agora ainda sente,
Tomado pela quietude de um desespero pode ser dominado pela inércia causada pela queda do corpo batendo chão.
E aqueles olhos, a janela da alma, que admirou a vida, definiram a imagem de percepção do mundo, iria se fechar pra sempre.
Como permitir?
Ainda existia vida encarnada no desespero,
O coração pulsava, ainda que freneticamente,
Os olhos viam, ainda que tivesse um olhar perdido,
Existia vida, portanto havia esperança da vida vencer a morte.
Minha falta de heroísmo não me permitiu ver o desfecho da historia,
Afinal, vírgula não é um artigo corriqueiro que costumamos carregar por todos os lados,
Pelo menos não a adequada para todas as circunstâncias.
Segui em frente, com a aflição do desenrolar desse conflito,
Ficou a reticência para a historia do ponto final da vida de um homem,
Que rezo para que tenha encontrado a vírgula para sua dor.

Retrogrado...


No meio do meu itinerário colocaram um relógio gigante,
E ele não anda pra frente, ele é retrogrado,
Foi programado para fazer a contagem regressiva para copa do mundo,
Todos os dias vejo aqueles números um por um se perderem no meio daquela multidão que corre em círculos sem sequer olha pra ele.
Já eu, olho todos os fins de tarde,
Nesse momento nossos ponteiros se invertem,
Enquanto ele anda pra trás, eu me imagino mais a frente,
Quando se passarem os mil dias,quando finalmente a contagem chegar à zero,
Onde estarei?
Pra mim aquele relógio representa a contagem regressiva para o meu desconhecido,
Enquanto a resposta para o questionamento não vem,
Vejo os meus dias se passarem como conta gotas, um por um,
Sinto os passos do tempo à me acompanhar dia após dia,
Levando-me ao questionamento,
Me empurra para uma das coisas que não detenho o poder,
O futuro não me pertence, mesmo assim ouso-me a pensar,
Daqui a mil dias onde irei estar?
Sabe-se lá...

"Elã Vital"


Estou passando por um processo de mudanças de convicções,
Para isso, me propus o auto questionamento.
Todos os dias de manhã seleciono um dos meus diversos conflitos para questioná-los,
Não há procura de respostas, soluções rápidas da noite pro dia,
Costuma não ser muito eficaz,
Quero poder transitar com tranqüilidade pelas vielas das minhas mazelas,
Usufruir da sapiência da calmaria e não da mesquinharia da pressa.
E o questionamento mais instigante foi à descoberta do “Elã Vital”,
Que de acordo com o filosofo Bérgson é o impulso vital, força maior que nos move,
O que dá sentido a vida,
Percebi que meu “Elã Vital” é um emaranhado de fios ligados a mim,
Como se eu fosse uma marionete, e eles que me movem, me empurram,
Para uma só direção, sentido esse que ainda desconheço,
E nem tenho pressa que sejamos apresentados,
Tenho a plena convicção que um dia iremos nos trombar
Em uma manhã de reflexão qualquer,
E finalmente tomo a consciência do destino final de toda essa caminhada. .
Mas logo comecei fazer a lista das coisas essências que me norteava,
O sorriso das pessoas que eu amo...
Ah, isso me faz tomar gosto pela vida,
O sorriso de quem eu não conheço também me alegra,
Gosto das manifestações de felicidade,
Me faz pensar por um segundo que as coisas não estão tão perdidas quanto penso,
Pois enquanto há motivos para sorrir, há uma solução existe, mesmo que escondida.
A música, combustível que me move, minha alma em notas,
Porto onde quero ancorar.
Arte, exposição da alma no seu formato mais humano e nobre.
Sonhos,quando é nosso,devemos realizá-los,
E os dos outros, devemos respeita – los,
Sonhos destruídos se tornam almas despovoadas sem direito a oásis.
Amor, força maior, indefinível de inúmeras faces, leve ao toque,
Doce ao paladar, bom de olhar, confuso ao sentir.
Você, limito-me a dizer.
Silêncio, som das minhas reflexões.
Fim, só acompanhado de uma vírgula,
Nada se estanca por muito tempo,
Ate o fim é provisório,
Hoje eu termino,
Amanhã dou continuidade,
O termino é apenas uma pausa para se recompor,
Trocar as vestes, descansar os joelhos para continuar a caminhada.
Tudo me move, meu “Ela Vital” me tira da inércia,
Me empurra pro desconhecido que tenho gosto de descobrir,
Na calmaria das minhas reflexões, onde tudo é provisório,
E nada é estático.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

De alma aberta...

Todos os dias de manhã o mundo acorda,
E vai a luta pela sobrevivência.
Uns atrás do pão, outros do teto,
Alguns se contentam com o chão.
A mãe leva o filho na escola,
O pai põe a marmita na sacola,
E o mais novo faz da meia uma bola,
Pois sonha em ser atacante.
Sonho?Nesses terrenos é o fertilizante para sobrevivência.
E todos seguem sua rotina particular,
Algumas maçantes outras nem tanto,
E eu sigo a minha,
E nessas minhas andanças, me arrisco a observar,
E algo todas as manhãs invade minha janela,
Invade minha retina, e acaricia minha íris:
No sinal uma mulher que no vende doces!
Normal?
Sim, se não fosse a leveza de sua autenticidade...
Ela não faz malabarismo enquanto vende,
E nem faz números circense cuspindo fogo,
O que encanta é que ela simplesmente sorri!
Mas não é um sorriso automático qualquer,
Ela sorri como se todos que cruzassem seu caminho
Fossem velhos amigos que ela não via há anos,
Sabe aqueles sorrisos que mostra os dentes e a alma e ainda convida pra entrar?
É assim que ela passava por entre os carros, sorria para cada olhar por de trás do vidro,
Independente se comprasse as balas ou não, o sorriso era cortesia da casa,
Seu slogan deveria ser:
“Compre uma bala e adoce o dia, leve o meu sorriso e carregue por toda vida”.
Um dia de transito lento pude observá-la minuciosamente,
Quando o sinal estava verde, sua fisionomia se misturava com a normalidade da multidão,
Quando ficava laranjado, ela olhava fixamente,
Respirava fundo, e ensaiava um falso passo,
Mas quando o sinal ficava vermelho,
Era como se a vida dissesse:
_Vai... dá seu show.
Associei essa cena como se fosse um teatro, e o artista a espera do terceiro sinal para entrar para fazer seu show, as cortinas se abrem e a alma convida a platéia para entrar,
Momento sublime e único, onde que a essência humana sofre uma fratura exposta e permite ser desbravada em publico sem nenhum ressentimento.
Mas naquele momento os três sinais eram mudos, em meio ao estardalhaço do transito,
O show era minuciosamente contado e corrido, apresentado para uma platéia dispersa, ela mesma fazia o cenário da sua peça existencial, posicionando as balas estrategicamente em cada retrovisor,
Retrovisor?
Será que isso não a estigava a olhar pra trás e ver seu tempo de meninice, quando as balas não era seu ganha pão,era prenda em quermesses, desejo que apetece nas horas de diversão.
Ou não, talvez desde cedo teve que aprender a lutar pelo amanhã,
Com isso aprendeu a rir da vida, ninguém abriu as portas, e para contrariar, hoje ela abre a alma, é a dificuldade servida em bandeja de ouro.
Depois voltava em disparada recolhendo pacote por pacote novamente, alguns compravam, outros sequer olhava, o sinal abria e ela saia de cena...Sem palmas,
A calçada à esperava, o sorriso apagava, apenas no instante em que o sinal estivesse verde,
E ela esperava o terceiro sinal inaudível para dar seu show e  abrir a alma para que quem observasse pudesse entrar.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Palavras Ensaiadas, mas não ditas II.


O que fazer quando pensamos no que não devemos?
E quando amamos quem não devemos amar?
Ai, optamos pelo silencio,
Ocultação do fato pressentido,
Talvez porque assim é mais conveniente,
Mais cômodo, socialmente correto,
É mais fácil se deixar pela maré,
Do que nadar contra ela,
Mas chega uma hora que necessitamos pisar em terras firmes,
Sentir o sabor de nadar incansavelmente e finalmente chegar à praia,
Perceber que tudo conspirava contra,
A maré só te afastava do destino desejado,
Sentir a vida por um fio, o medo sempre constante,
Mas mesmo assim se arriscar,
Pensar que no final de tudo a praia estará ali,
A nossa espera...
Depois é só olhar para trás e ter a sensação de missão cumprida,
É a “deixa” que esperávamos para virar a pagina,
Seguir a vida, dar continuidade ao percurso, e fazer valer a segunda chance.
É assim que eu me encontro ultimamente,
Passei anos me deixando levar pela maré,
Por pura conveniência ou por falta de sanidade dos fatos que me deixaram à deriva,
Mas meu corpo agora necessita de terras firmes,
Quer chegar a praia, para assim poder virar a pagina, e dar continuidade ao percurso,
Mesmo que para isso seja necessário correr certos riscos.
Isso que me fez escrever esta carta, falar de um sentimento que por muito tempo fiz questão de esconder,
E que pode parecer muito estranho para quem leva uma vida pautada aos moldes do tempo, o fato de uma criança fugir dos padrões convencionais de sua pouca idade,
E que mesmo antes de entender o universo das palavras, foi se meter com um sentimento tão complexo como o amor,que nem mesmo o tempo foi capaz de descobri a mordaça certa para controlar este tão arredio sentimento,então,em meio a este lamento,resolvi escrever uma carta para quem destinei o meu amor por muitos anos,não com o intuito de me declarar,pois quem se declara tem a esperança de ser correspondido e esta pretensão eu já não tenho mais...


Carta inacabada!
Apenas mais uma tentativa de dirigir minhas palavras para quem me despertou o que há de mais lírico, passional, poético e musical em mim.
Estas palavras jamais chegaram ao real destinatário,
Há muito tempo essa necessidade ecoou pelas paredes da minha existência,
Hoje perdeu o sentido, os pontos finais que não usei para terminar essa carta, usei para calar esse sentimento.
Atravessei o mar a nado, sem direito a resgate, hoje piso em terras firmes e o mérito é todo meu, essa prova de sobrevivência não saiu em jornais, não virou filme e nem livro,
O prestigio da conquista perpetuou apenas dentro de mim.
Vejo tudo com bons olhos, com olhos de saudade, do tempo que passou, do sentimento que findou,mas deixou o melhor que há em mim, e nada mais importa agora,nada mais me prende agora.

(...)Partir, andar, eis que chega
É essa velha hora tão sonhada
Nas noites de velas acesas
No clarear da madrugada
Só uma estrela anunciando o fim
Sobre o mar, sobre a calçada
E nada mais te prende aqui
Dinheiro, grades ou palavras(...)
(Partir,Andar - Herbert Vianna)

sábado, 10 de setembro de 2011

Moça da Canção...

A moça da canção,
Dizia algumas verdades musicadas,
Coisas desconcertantes demais
Para serem ditas sem acompanhamento sonoro,
Seus segredos?
Seu violão conhecia um por um.
Dos teus amores?
Perderam-se entre Dó, Ré, Mi.
Das palavras?
O ensaio.
Das canções?
O refugio.
Do amor?
O naufrágio.
De você?
Não sei dizer... Talvez cantar.
Do pulso?
O impacto.
O pacto?
De ser canção.
O erro?
Desafino.
Do silencio?
Desatino.
E quando for pausa?
Você me completa.
No refrão?
A gente dispersa.
Na canção?
A gente se encontra.
A verdade desconcertante?
Transforma em música.
Para o instante?
O murmúrio?
Para a dor?
Um samba.
Para o reconvexo o convexo?
Não, Reconvexo só com Maria Bethânia.
Assim como Quereres para Caetano,
Bailes da Vida para Milton,
Ligia para Chico,
Nos mestres a gente não mexe.
E para o final?
Você me dá à nota,
Que a gente continua...
Onde?
Na amplitude da canção.

Palavras Ensaiadas, mas não ditas I.


Cartas que não foram extraviadas,
Escritas, porem não enviadas,
Sentidas, porém não ditas,
Apenas ensaiadas.
De destinatário certo,
Mas de destino tão incerto,
 Que perderam o sentido,
Que hoje vagam ao vento,
A procura de um coração para seu alento.

Uns falam que é loucura,
Outros dizem que é romantismo demais,
Que estou confundindo sentimentos,
Que é fase, que o tempo leva,
E poucos acreditam que é verdadeiramente amor,
Já eu, faço um mix de tudo isso,
E denomino como:
“Lirismo Passional aflorado crônico”.
Mas isso a medicina não comprova,
E acredito que nunca comprovará,
Pois para isso teria que me disponibilizar a estudo,
E essa é uma das questões que guardo no meu silencio,
Ou guardava, até algumas linhas atrás, antes de você começar a ler esta carta.
Dentre das inúmeras formas de me dirigir a você,
Escolhi indo direto ao ponto,
Assim dói menos em mim,
Acaba logo com isso, e antecipa suas conclusões,
O fato é que ao te conhecer dei para contrariar o tempo,
Com a minha pouca idade, não conhecia o universo das palavras,
Quis tentar desvendar os traços do amor,
Acreditei fielmente que o tempo teria o analgésico necessário para cessar a dor,
Mas o tempo passou, e onde este sentimento nasceu, ficou,
Se apossou do meu coração.
Sim, passaram se anos, e o sentimento continua latente,
Loucura?
Pode ser, e se o caso for de internação,
O que esta esperando?
Interne-me, a prova da minha louca esta sendo percorrida pelos teus olhos nesse axato momento.
Mas na duvida de deixar transbordar esse sentimento, ou me calar,
Escolhi a primeira opção, as conseqüências são as mais variadas,
Mas saberei depois de tentar.
Me apaixonei no momento que os meus olhos cruzaram com os seus,
Se apossou de mim um sentimento de estranheza,
E de felicidade desconcertante cada vez que te via,
Comecei a manipular o acaso, estando sempre nos lugares onde você estava,
Sua presença, mesmo preenchida pelo silencio, me fazia bem, me completava,
Você despertou em mim meu verso, minha música, e muitas vezes meu silencio.
E sua ausência, resultava em um abismo.
Me calei,imaginei que o silencio  traria o conforto que o tempo não trouxe,
Mas como sempre, tudo foi contrariado, não obtive sucesso,
Essa está sendo minha ultima cartada, na tentativa de virar o jogo,
A tática?Colocar as cartas na mesa, ou em suas mãos.
Não exijo reciprocidade, sei muito bem da realidade que te rodeia,
Tenho os pés bem firmes ao chão,
Quero apenas me libertar, poder olhar pra trás e não fazer indagações baseadas em “se”.
Por um ponto final, dar a cara, esperar o tapa, o resto é conseqüência do preço que se paga.
De você não exijo nada,
Não exijo que me ligue,
Que me entenda,
Que não ache isso insanidade,
Como foi dito antes, não exijo nem reciprocidade,
Apenas peço, como diz na letra de Oswaldo Montenegro:
(...)Que a minha loucura seja perdoada,
Porque metade de mim é amor,
E a outra metade também.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Filosofia da "Ultima Chance"

Acordei decidida me encontrar com a felicidade,
Resolvi me dar esse luxo,
Mas não é uma felicidade qualquer,
É a felicidade nas pequenas coisas,
Tomar uma dosagem em pequenos frascos.
E é tão fácil sorrir,
A felicidade está ali,
Trombamos, passamos por ela,
Sem ao menos rir.
Nesse dia aparentemente tudo deu errado,
Ou o meu ponto de vista estava meio desfocado,
Acordei atrasada,
Com olhar otimista,
Fiquei feliz por ter dormido uns minutos a mais,
Sai correndo da cama e meti o dedinho na quina,
Ri da minha própria distração,
Abri a porta do quarto
E me deparei com o meu cachorro
Esbanjando felicidade a me ver,
Engraçado que ele não se conforma com o cotidiano,
Há tempos acordo no mesmo horário,
E ele sempre cumpre esse ritual matinal,
De me esperar acordar na porta do quarto
E me receber com a mesma alegria todos os dias,
Como se há meses não me visse,
Ou como se aquela fosse a ultima chance de me ver acordar,
Trocamos sorrisos, e percebi o quanto aprendo com ele,
Tentei abstrair essa lição matinal do meu cachorro,
Para aplicar aos meus,
Demonstrar as alegrias e os afetos como se fosse a ultima chance,
Segui em frente, de encontro com a vida que me esperava lá fora,
Com a ressalva da felicidade, hoje não havia espaço para tristeza.
O sol me esperava, apesar de gostar de dias nublados,
Admiti a beleza existente quando o raio de sol bate nas folhas de primavera,
Prevalecendo suas cores,
Segui a diante, deparei com sorrisos,
E com a pressa dos que acreditam que o amanhã é estado de graça garantido,
Lamentei, imaginei que não tinha um cachorro,
E com eles não aprenderam à lição da ultima chance.
Os problemas do dia eram os mesmos,
As chateações e as pessoas também,
Mas o meu ponto de vista estava diferente,
Estava engajado e disposto em me proporcionar um dia mais leve,
Gastar mais o sorriso sem grandes motivos,
Contemplar a alegria contida nos pequenos frascos,
Assim foi o meu dia, seguindo a proposta de felicidade,
Cheguei em casa,encontrei as pessoas que tanto gosto,
E o meu cachorro me encontrou com a mesma felicidade de todos os dias,
Alegria maior do que a demonstrada pela manhã,
Trocamos sorriso novamente,
Diferente dos outros dias,
Além de sorrisos, trocamos experiências,
Pois exerci a filosofia da “Ultima Chance”
 Se você soubesse que o amanhã fosse algo inalcançável
Iria desperdiçá-lo com coisas mesquinhas?
Iria desfrutá-lo exercendo com sorrisos sem grandes motivos.

Calma!
Tudo está em calma
Deixe que o beijo dure
Deixe que o tempo cure
Deixe que a alma
Tenha a mesma idade
Que a idade do céu
A mesma idade
Que a idade do céu...
(Zélia Duncan)

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Pluralidade Singular...

Sabe o que me encanta?
É o plural colocado na individualidade,
Ou a individualidade na pluralidade?
Não sei, mas gosto da essência das palavras terminadas em “S”.
Consigo ver indícios claros de generosidade,
Artigo em falta nos dias de hoje,
Portanto,quando ouço, chega me causar arrepios,
Cresce em mim um sentimento de admiração por quem diz,
Mesmo que eu não conheça.
Sentimento de coletividade é uma virtude nobre que me enche os olhos.
Certo dia estava andando e ouvindo a conversa de desconhecidos na rua como tenho o costume de fazer,
Um rapaz apontando para uma escultura e dirigindo a palavra para a possível criadora:
_Você que fez?
Sutilmente a moça respondeu com um sorrido consertando a colocação do rapaz,
Que certamente nem percebeu a riqueza de generosidade da resposta:
_Nós fizemos!
E tudo que ela respondia, sempre era no plural,
Suas frases eram cheias de “nosso” ”a gente” “somos”
Pude sentir a presença de todas as pessoas envolvidas naquela criação,
Sem ao menos conhecer e imaginar os seus rostos,
E o processo de criação daquelas esculturas,
Pois todos estavam dignamente representados pelos “S” das frases daquela artista,
Sua generosidade só aumentava a beleza de suas criações,
A vontade que tive era de interromper o dialogo e dizer:
_Com licença, desculpe interromper, mas é que não entendo nada de arte,
 Mas tenho uma leve lembrança do que seja generosidade, pois nos tempos de hoje é tão raro, que às vezes até esquecemos o que seja, mas você me fez relembrar do que fatalmente se perdeu no tempo, admirei sua sensibilidade passado pelo seu ateliê e vendo suas obras,mas elas se tornam mais encantadoras depois que ouvi suas frases nos plural, representado todas as pessoas que devem ter contribuído para criação de tudo isso,reforçando o que aprendemos na infância:
”ninguém faz nada sozinho”
Parabéns pela sua sensibilidade acompanhada da pluralidade da sua generosidade.
Infelizmente me contive e não disse nada disso, apenas segui em frente aparentando minha falsa normalidade, mas aquilo ficou martelando,
E percebi o quanto é fácil ser grato e generoso em um discurso de recebimento de um prêmio,
fazendo uma lista de pessoas do qual contribuiu para aquela conquista,
Isso é fácil e previsível,
O difícil é ser grato no cotidiano, no anonimato,
Respondendo uma pergunta singular no plural.
Aquela artista não estava expondo em seu ateliê apenas sua arte,
Mas também sua essência humana tão rara nos dias de hoje,
Pena que essa arte poucos conseguem ver.
Finalizo declarando minha admiração pela pluralidade,
Pelos “S” das frases e por aquela artista que me fez perceber tudo isso,
Sem ao menos me dirigir a palavra.

sábado, 3 de setembro de 2011

Á Vik Muniz...

Meu caro Vicente Muniz,
Desculpe – me a invasão,
Não sou profunda conhecedora de sua arte,
Portanto não me atrevo chamá-lo apenas de Vik,
Mas do pouco que conheço já me desperta a admiração.
É que estou passando por um processo de transição,
De encontrar beleza em coisas inóspitas, encontrar paz no olho do furacão,
E assim me encontrar com Deus,
Você deve entender bem o que estou falando,
Há lugar mais inóspito do que o lixo,
E mesmo assim fazer dele uma arte?
E dividir isso com milhares de pessoas,
Fazendo disso um encontro coletivo com Deus?
Muito generoso da sua parte.
Tudo bem que Deus pode estar em muitas coisas,
Inclusive em criações mundanas,
Porque não encontrar com ele em uma Mona Lisa de geléia com manteiga de amendoim?
Mas preciso promover um encontro com Deus em um endereço certo,
Um lugar especifico:
“Em paz bem no olho do furacão”
É... Esquecer um amor antigo tem dessas coisas,
Desperta em nós esses sentimentos,
É estar em uma tempestade de areia à espera da leve brisa de primavera
Que arranca as pétalas das flores, deixando o ar com cheiro da infância.
É que o meu “Ex amor” admira sua arte,
E é isso que me trouxe ate aqui,
Pedi para que você continue enchendo os olhos das pessoas com esse encanto,
Com sua genialidade, com sua arte que de tão humana nos aproxima de Deus,
Inspirando quem um dia eu tanto amei, e que um dia tanto me inspirou,
Minha arte é diferente da sua,
Eu transbordo em palavras, verso e som,
E sua conseguiu chegar no alvo que por muito tempo mirei,
Por isso, encha os olhos de quem amei,
Transborde em arte e torne isso uma coisa coletiva,
A generosidade humana completa o encanto da arte criativa,
E assim o que é belo passa habitar em locais inóspitos,
Paz se encontra no olho do furacão,
Lixo na arte,
Geléia com manteiga de amendoim em Da Vinci,
E tudo isso é uma grande estrada de mão única de encontro com Deus.