Era apenas uma noite que me trancava mais uma vez no quarto.
Tinha uma
sinfonia dentro de mim, mas que era obrigada se calar
Pois em
minha volta não é permitido ruídos ao cair da tarde.
Ausência
de luz, se cale, essa é a lei que era imposta a mim,
E obedecia
como se não houvesse outra solução.
Transformei
o silencio em sussurro e peguei meu violão,
E corri
para nosso refugio imaginário.
E desse
casamento eis que nasce “Escorpião”
Letra forte
de batida pesada que surgiu na contradição de um sussurro.
Essa musica
me convida a mergulhar no que eu mais temo que é a “incerteza”
E ir sem
medo.
Tolamente
demorei a seguir o conselho de minha criação.
Fiz o
mesmo que faziam comigo, prendi nas pautas do caderno,
E no
corpo do violão, naquele quarto.
Não a deixava essa canção ir muito longe.
Até que
abro a porta e eis que me escapa os tais versos musicados.
E não
precisou de muito para que a fuga fosse tão grandiosa.
Precisou
apenas de uma voz que cansou de se calar,
Mãos calejadas,
Violão,
meu velho amigo,
Um
sonho,
Uma
pessoa que acredita nesse sonho incondicionalmente,
E eu com
“Escorpião” me pedindo para acreditar nele uma vez mais.
E acreditei
e ele não me decepcionou.
Como uma
mãe que permite que o filho saia de casa pela primeira vez sozinho,
Soltei “Escorpião”
ao mundo,
E como toda
mãe fiquei em casa rezando.
Deus nos
deu esse voto de confiança,
Acampou
teus anjos ao meu redor, tudo isso foi muito claro pra mim.
E fazemos
uma corrente, e Deus apareceu para mim por muitas vezes – Ganhei um pai -.
Dia 22+10+2013= 11 como não poderia ser
diferente, meu filho volta, com boas noticias.
Abri as
portas para que ele saísse de casa e ganhasse a liberdade que não tenho,
Ele volta,
para abrir as portas do meu verdadeiro oficio por definitivo.
O endereço?
Santa
Tereza, Praça duque de Caxias.
Lugar mágico
e de muita importância pra mim.
Depois,
tudo foi muito decisivo.
Lá minha
fé foi testada, e minha vontade de seguir
nesse “caminho que vai dar ao sol” também.
E acho
que fui aprovada.
Provei
da mesquinharia do homem que canta sobre sonhos,
Mas não
se importa caso tenha que pisar em um.
Mas eis
que a fé sustentou o que parecia estar perdido.
Entendi a
analogia do “Rouxinol”
“Quando a música ia
E quase eu fiquei
Quando a vida chorava
Mais que eu gritei...
...Rouxinol me ensinou
Que é só não temer
Cantou
Se hospedou em mim”
E
fui, após soar novamente os tais sinos imaginários,
Aquele
que sinaliza o alinhamento de astros,
Ou
quando a risada de Deus é tão grande
Que
faz balançar o “sino dos ventos”
Aqueles
posicionados estrategicamente na janela do paraíso.
Não
muito longe de onde eu estava. No palco.
Centenas
de pessoas estavam ali, na minha frente,
Não
sei definir o que senti, estava anestesiada.
Minha
voz errante talvez diga mais do que eu naquele momento.
Medo,
alegria, certeza que ali realmente era meu lugar.
Vi
minha família, amigos, que muitas vezes acreditaram mais em mim do que eu
mesma.
Pessoas
que me acalmaram, rezaram por mim, torceram, cantaram, estavam junto comigo,
Senti
a presença até de quem estava distante.
Tudo
foi de fundamental importância e agradeço muito por esses anjos na minha vida.
E
cantei com meu violão notas de “Escorpião” para aquela multidão.
Na
ultima nota, no ultimo agradecimento, no ultimo sorriso,
O
Rouxinol sentou em meu ombro e fez morada em mim e o ninho no meu violão,
Tem
noites que dorme ao som de “Escorpião” e só acorda com os tais sinos imaginários,
Das
gargalhadas de Deus, pois tenho me permitido ouvi-lo cada vez mais.
Amém.