quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Kiara...



Para ser lido ao som de Ivo Pessoa – Uma Vez Mais

Minha doce Kiara,
Não consigo me conformar.
Esta doendo tanto.
Dói como fogo em brasa.
Dói apenas a metade de mim.
Porque a outra metade se foi junto com você.
Até o ultimo segundo acreditei que tudo isso não passaria de um grande susto.
Que você se levantaria, e o telefone tocaria anunciando que você estava bem.
Mas cheguei em casa, e lá estava você, deitada, sem vida.
Parte de mim também morreu ali, quando sob você chorei toda minha dor.
Lembrava de todos os momentos vividos ao seu lado.
De tudo que aprendi com você
Chorava e sussurrava em seu ouvido meus agradecimentos do tanto que me fez feliz.
O tanto que me ensinou.
E pedia desculpa, porque eu falhei com você meu anjinho de quatro patas.
Engraçado que você estava sendo treinada para defender a gente.
Sempre recebíamos elogios do seu desempenho de “boa menina”
De como estava aprendendo rápido as lições do adestrador.
Que ironia infeliz ensinar você a nos defender,
Pois quando você precisou de defesa eu me ausentei.
Você só estava com medo, e queria fugir de todo aquele barulho.
Te entendo, o medo acabou te sufocando.
Como eu queria poder ter respirado por você.
Acordado seu coração, implorado pra você ficar.
Lembrei-me de quando você era filhote.
Tão pequena e indefesa.
Nos meus braços você dormia,
Ria da sutileza da cena de você nos meus braços.
Dormindo, como um anjo que és.
Te vi novamente na mesma situação.
Indefesa, dormindo nos meus braços.
Porém chorava a sua perda, porque nunca me senti tão perdida, como me sinto agora.
Pois sei que desse sono infelizmente você não acordará.
Mas sei que Deus te recebeu de braços abertos.
Parabenizando-te pela criatura incrível que foi aqui na terra.
O céu está em festa com um novo anjo que acaba de chegar.
Aqui todos choram, a dor é muita.
O que fazer com o espaço que ficou em nossa casa e em nossos corações?
Só o tempo amenizará.
Mas meu amor sempre será seu minha doce Kiara.
Meu amor, minha admiração, meus agradecimentos.
Voa meu anjo, voa para céu e olhe por nós, podres aprendizes do seu amor.
Lá você pode brincar, pular,e correr.
O que me acalma um pouco é saber que onde você está toda dor se acabou.
Espero que todo amor que sinto e que não lhe disse em vida chegue até você de alguma forma. 
Anjo, meu tão amado anjo.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Perdida em mim, em você em nós...




Com licença.
Faz tanto tempo que não apareço.
Que fico sem jeito de entrar sem antes bater na porta.
Nos últimos dias andei me questionando se esse lugar realmente é meu?
É que tem tanto de você aqui.
Mas também há tanto de mim.
Estamos tão entrelaçados que me perco em mim,
Em você, em nós.
Perco-me aqui nesse infinito particular.
Mas com a consciência que só aqui eu posso me encontrar.
É que já é novembro, primavera, como de costume coloco lírios na janela.
Desafiando a me amar todos que passam por ela.
Presentes subtendidos, jamais entendidos ou entregues.
Queria poder embrulhar meu infinito particular com papel de seda,
E lhe entregar.
Mas é que estou tão perdida...
Perdida em mim, em nós.
Que me revelar só vai fazer eu me perder ainda mais.
O problema não é com você.
Também não é comigo.
Pra falar a verdade não sei nem a quem culpar.
Nem sei se há culpados.
Ando ainda mais calada.
Nem aqui ando vindo mais.
Tenho gastado meu tempo tentando corrigir minha postura.
Levantar meus ombros caídos.
Para aparentar uma falsa autoconfiança.
Cabeça erguida, coluna ereta.
Só com o meu olhar já venço uma guerra, tamanha minha convicção.
Olhando no espelho quase que acredito.
Mas se olhar bem profundamente verá.
A minha menina dos olhos encolhida, tremendo, bem no canto da retina.
Sabe de uma coisa?
Se o meu coração me ouvisse nada disso estaria acontecendo.
Essa confusão toda, esse sentimento todo.
Essa bagunça que não se finda.
E se eu me ouvisse?
Pra isso teria que falar.
Mas nem eu ando sabendo o que se passa comigo.
Por isso não me pergunte nada.
Não me peça nada, não exija nada.
Apenas me abrace como da ultima vez.
Porque sei que nos seus braços eu não me perco.
Porque eles me cabem tão bem.