domingo, 28 de agosto de 2011

Abismos Internos...


Estou num abismo,
A um passo da queda livre,
Olhando para baixo
Mal posso ver o chão
Calma, não irei pular...
Nem se eu quisesse
Seria possível sentir o vento no rosto
Enquanto o corpo não bate no chão,
O abismo é interno,
Está dentro de mim,
Uma inquietude,
A inércia do meu corpo
Me prende aqui em cima,
Aos gritos, meu coração chega dar ecos,
Está temporariamente vazio,
Chega ser desesperador,
O corpo responde,
A alma chora,
A lagrima rola,
Percorrendo pela minha face,
Minha face e na face dos meus semelhantes.
Fecho os olhos,
Nessa altitude um simples olhar é ameaça,
Era minha única defesa, sinto muito,
Abaixo a cabeça,
Mas jogo meu corpo na frente,
Que me acerte no peito,
Mas não me cale no grito
Pois corvadia eu não admito.
Sussurro prenúncios de bons ventos,
Em um futuro próximo meu alento,
Os gritos urram e eu sussurro meus prenúncios,
A contradição que me acompanha,
E a solidão te espera,
Deixo gritar,
Quero que aproveite,
Enquanto tem ouvido que te ouvem,
E corações para machucar,
Pois no amanhã dos meus prenúncios,
As costas pra esse abismo eu irei dar,
Lagrimas nem existirão mais,
Na bagagem levo só a liberdade,
Amor já tem de sobra nos corações dos meus,
Não haverá espaço para magoa, dor, ressentimento,
Coisas melhores nos esperam, não levarei quinquilharias.
Ai sim, mesmo meu olhar sendo uma ameaça,
Não irei me abster, os olhos não irei desviar.
E que me acerte no peito, e que tente me calar no grito,
Mas olhando pra esse abismo, definitivamente eu não fico,
Pelo menos não por muito tempo.

Exilio Voluntário...

Viagem pra lua?
Será que tem lugar pra mais um?
Não há lugar mais propicio para esse momento do que fora de órbita,
Se distanciar de tudo, assistir o caos humano de camarote,
E o melhor, sem ouvir os gritos,
Única vantagem de um lugar onde o som não se propaga.
Vendo o planeta, estando de fora dele,
Talvez seja mais fácil encontrar o meu lugar,
Ou me perder no meio de todo aquele azul.
Ou pegar carona na primeira estrela cadente
E ver onde meus sonhos se perderam,
E lá de cima as preces devem chegar mais rápido ao céu.
Vou contar estrelas, finalizar a contagem que desde criança tento fazer,
Brincar com o coelhinho que mora lá,
Passear no dragão, pedir conselhos a São Jorge.
Sair de circulação, sofrer um exílio voluntário,
Sentir as tuas fases, brincar com os mares.
Lá eu posso ser eu,posso voar.
O melhor é que lá é sempre noite,
E eu não escuto os GRITOS.

Não há de ser nada, pois sei que a madrugada acaba, quando a lua se põe
O abraço de vampiro é o sorriso de um amigo e mais nada
Não há de ser nada, pois sei que a madrugada acaba, quando a lua se põe
A estrela que eu escolhi não cumpriu com meu pedido e hoje não a encontrei
Pois caiu no mar, e se apagou
Se souber nadar, faça-me o favor
O milagre que esperei nunca me aconteceu
Quem sabe é só você
Pra trazer o que já é meu
Brilha onde estiver
Faz da lágrima o sangue que nos deixa de pé
(Brilha Onde Estiver - O Teatro Mágico)

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

O "Pra Sempre" sempre acaba...


É... o “pra sempre” sempre acaba.
Pude comprovar...
Por um segundo acreditei que poderia te amar pra sempre.
E de fato te amaria, se você me amasse de volta.
Quase como um acordo:
Você me permite te amar,
Que em troca eu te dou minha vida,
Para caminharmos lado a lado numa mesma estrada.
Eu te mostro quem eu sou
E você... Não me mostra nada.
Deixe que eu descubra.
Afinal temos o “pra sempre” pela frente.
Não há pressa,
E se existir vida após a morte,
Te amarei também.
Amarei você “pra sempre” e no eterno,
quantas vidas mais me forem concebidas.
Mas amar pra sempre e por dois,
Isto não é romantismo, não é amor,
É martírio, coração nenhum agüenta, e com o meu não foi diferente.
É que temos o péssimo hábito de associar o intenso ao eterno.
É que sentimentos extremos nos fazem perder o senso de realidade,
Percepção do fim.
Intensidade é reticência, nunca ponto final.
É queda livre, nunca aterrisagem.
É permanência, nunca passagem.
É você, quase nunca sou eu.
Estou aprendendo a gostar de você hoje
Menos do que te amava ontem.
Exercício diário.
Não é uma incumbência que me deleguei a duras penas,
Simplesmente, aconteceu, foi natural.
Claro que dói um pouco me desvincular de você.
As marcas são profundas, os vestígios sempre vão existir,
Mas, o sentimento há de se dissipar, não está me fazendo bem.
Aos poucos estou me curando de você.
Estou a caminho da paz no meio do furação, como você mesmo disse
É quando Deus aparece.
Vai chegar um dia, que lembrarei-me de tudo isso com olhos de saudade.
Extrair o melhor.
Contar para uma criança, que seja meu filho, sobrinho ou um anjo,
Sobre o meu primeiro encontro com o amor,
E a sorte que tive de experimentar ainda com pouca idade.
Chorei, cantei,vibrei, senti o coração na garganta.
Amei até me faltar o ar, tudo em dobro dá um ar passional,
enche os olhos de esperança ou de lágrimas, fica a gosto do leitor ou ouvinte.
Mas nunca me calei, posso não ter me declarado, ou quase.
Estava planejando ir aí, com o único objetivo de me libertar
E não a procura de reciprocidade.
Imaginar a sua possível reação me faz dar risadas.
Sinal que estou realmente melhorando.
Já estava até com a carta pronta,
Mas o alento não esperou eu ir de encontro a ele.
Tratou de bater em minha porta.
Sinal que minhas preces finalmente chegaram ao céu.
Na cidade que este amor nasceu, tratou também de morrer.
Mas não me calei, não houve covardia,
Comodismo, nada disso,
As canções estão aí, como prova.
Dando voz a tudo isso.
Podem não ter chegado a você, mas elas existem.
E quem sabe um dia, cruzem com você em alguma estação.
Assobio... Ou coisa do tipo.
Mas sabe o que restou?
Minha torcida pela sua felicidade.
Lembre – se que ela sempre estará no meu patamar de prioridades.
Torço por ela, como torço pela alegria das pessoas queridas em minha volta.
Vou ficar de olho, acompanhando de longe como sempre.
E ficar feliz a cada sorriso seu e na torcida por muitas outras alegrias.
Estes dias irei me distanciar um pouco,
Afinal, amor avassalador demais pode ter recaídas.
Não adquiri anticorpos suficientes que me protejam totalmente dos seus encantos.
Não por enquanto.
Mas é isso. Parece uma carta de despedida?
É, talvez seja.
Mas vai ser melhor pra mim e melhor pra você...
É... Vai ser melhor só pra mim, pra você será indiferente.
Que seja. Há certos momentos na vida em que devemos tomar certas medidas de segurança.
Devemos nos olhar e tornar amigos de nós mesmos.
Martha Medeiros e Sêneca estão trabalhando essa idéia junto comigo.
E aos poucos as coisas vão tomando o seu lugar,
Pois é no meio do furação que Deus aparece e a paz acena. 



Não vou viver, como alguém que só espera um novo amor
Há outras coisas no caminho onde eu vou
As vezes ando só, trocando passos com a solidão
Momentos que são meus, e que não abro mão
Já sei olhar o rio por onde a vida passa
Sem me precipitar, e nem perder a hora
Escuto no silêncio que há em mim e basta
Outro tempo começou pra mim agora
Vou deixar a rua me levar
Ver a cidade se acender.
(Pra Rua me Levar - Ana Carolina)

domingo, 21 de agosto de 2011

Arte do desapego...


Olhar sua foto não é mais garantia de dia feliz,
Receber noticia suas não causam em mim os mesmos efeitos,
Aquela alegria desconcertante, inspiração duradoura, não há mais.
Será que aprendi a difícil arte do desapego?
Não sei.
Assim como foi simples te amar, está sendo te esquecer,
Já disse outras vezes que não foi preciso nada para despertar em mim este sentimento,
E o mesmo se repete, você não me decepcionou,
E nada daquelas coisas cruciais que delega ao ser passar pelo martírio do esquecimento.
Muito pelo contrario, sua definição para mim é descrita como um conjunto de inúmeras virtudes,
A verdade é que acordei em um belo dia e percebi que não temos nada haver.
Simples assim, mas a simplicidade nesses casos me assusta,
Ainda estou juntando os cacos deste abalo sísmico,
Há dias estou sem inspiração, há dias estou sem fazer o que me move,
Afinal você sempre foi o epicentro das minhas emoções,
E agora?Em que segurar?
Nem uma explicação para ter recobrado os sentidos tardiamente,
Eu tenho para usar como tabua de salvação.  
Confesso que ainda procuro noticias suas,
Porque acostumei ter você como alvo das minhas buscas,
Mas não é como antes, nada está como antes,
A única coisa que permaneceu
Foi esse sentimento de estranheza que só você é capaz de causar.
Pode ser coisa passageira, ou uma visão definitiva,
Quem sabe as coisas realmente se inverteram,
Aprendi acordar te amando menos do que amava ontem,
Não sei, não estou no momento de tirar conclusões,
E sim de tentar entender.
É... Acho que aquela historia dita anteriormente que
“Minhas declarações de amor são rangidas por uma sinfonia de silêncio,
Só para enaltecer ainda mais a contradição existente,
Entre um amor que de tão avassalador se cala
E morre no primeiro gole de uma bebida qualquer.”
Faz todo o sentido, acho que nas noites de insônia,
Quando te encontrava entre um gole e outro de café,
Acabei te perdendo, nosso amor acabou morrendo.
Não há amor,
Não há explicação,
Não há rima.
Não há musica que finalize esse verso,
O silencio neste caso diz mais.

O que nada diz...

Totalmente sem inspiração...
De alma deserta me encontro
A mercê do meu silencio interno,
Da fúria do meu grito calado,
Da explicação inexata,
Do tudo que não diz nada.
E de fato não há nada a dizer.
Turbilhão de acontecimentos
Causa em mim esses efeitos,
Inércia!
Chuvas de sentimentos me deixam à deriva,
Que o mar me leva,
Carrega e deixa em uma ilha deserta qualquer.
Não sei onde quero chegar o que quero falar,
Nem como expressar,
A inspiração me virou as costas novamente,
E nem inspiração para clamar tua volta,
Eu tenho mais.
Uma folha em branco diz mais que esse emaranhado de palavras.
Um ponto final expressa a linha de chegada
Para o fim do que não diz nada.
Então finalizo, acabando com o sofrimento da verbalização do que nada diz.

domingo, 14 de agosto de 2011

Enquanto todos dormem...


_ Entra, eu te faço um café,
Enquanto a gente conversa.

A proposta parecia ser irrecusável,
Pois o relógio marcava 03h48 da manhã,
E o sono insistia em não aparecer para ambas as partes.
O olhar de quem abriu a porta e viu quem os olhos tanto chamavam,
Já era uma obra de arte por si só, personificação da felicidade,
O sorriso denunciava tudo isso.
E quem esperava a porta se abrir não imaginava que já estava dentro daquele coração pulsante, errante, e dele não pediu permissão para entrar,
E era o motivo da ausência do sono naquela e de tantas outras madrugadas.
E o café era mera estratégia já que ele sabia que ela não dispensava uma xícara sequer,
E sabia do efeito da cafeína, e se tudo sair como esperado, a conversa seria longa.

_ Vi as luzes acesas e imaginei que estava sem sono como eu,
Espero não está atrapalhando.

Disse ela em tom de desconcentração, enquanto entrava.

_ Que isso, você nunca atrapalha, acordados enquanto todos dormem,
Vamos nos unir e afastar o tédio das noites de insônia, acabei de passar um café, está do jeito que você gosta.

Ele nem gostava tanto de café, preferia a especiaria acompanhada com leite, aprendeu a gostar só para sentir na garganta o que a fazia sentir prazer, e sabia o ponto certo que ela gostava, essa era sua especialidade, sabia dos teus gostos de cór, passava as madrugadas decorando um por um.
E ao som de Caymmi os dois conversavam, o assunto?
Tanto faz, tudo era pretexto para ele desfrutar da companhia que tanto inspirava,
E cada ameaça de partir ele dizia:
_ Fica mais, o já está quase amanhecendo, e da minha sacada tem uma visão tão bonita do nascer do sol, quero que você veja.

E o que era bonito, nesse momento se tornava questionável, o que não fica bonito ao lado de quem se ama?
O amanhecer era desculpa para aumentar o tempo de uma madrugada de insônia entre um gole e outro de café, quase uma suplica.
Mas o tempo tem dessas coisas, termina com tudo que poderia ser eterno,
Comprovando que o pra sempre, sempre acaba, inevitavelmente,
Ela partiu, sem saber do sentimento que ele carregava junto ao peito,
E o porquê? As razões do amor todos desconhecem, se é que há alguma razão neste tão confuso sentimento.
Mas assim ele permaneceu à espera de mais uma insônia, para que a ele, ela recorresse,
Só assim para as noites se tornarem menos frias, e o café menos amargo e tragável.
Ela passou pela porta, despediu com um sorriso,
E ele ficou observando ela atravessar a rua, desaparecer no horizonte...
E disse em tom de oração, que nem ela ouviu:

_ Até a próxima, enquanto todos dormem, a gente se encontra em um gole e outro de café, você vê o amanhecer na minha sacada, e me perco em você, sem saber.

Onde você vai?
Não é tão simples assim
Porque às vezes
Meu coração não responde
Só se esconde e dói...
Por favor não vá ainda
Espera anoitecer
A noite é linda
Me espera adormecer
Não vá ainda
Não, não vá ainda...
(Não vá ainda - Christian Oyens / Zélia Duncan)


sábado, 13 de agosto de 2011

Devaneio em brisa...


O vento me inspira a liberdade,
Es o encanto do que está em toda parte sem ser visto,
Bagunça o cabelo da criança,
Vira a pagina do livro,
Leva para longe palavras ensaiadas, mas não ditas.
O vento em grande quantidade me assusta,
Assim como a liberdade.
Vento e liberdade combinação perigosa e instigante.
Na queda livre o vento é constante,
Bate no rosto, enquanto o corpo não bate no chão,
Depois disso é liberdade, dor já não há mais.
Só indícios do que foi, lembranças de outrora qualquer.
E aqui venta bastante,
Principalmente no mês de outubro,
Parece que ele tira as arvores para dançar,
Elas chegam a pairar no ar,
Mas eis que surge a contradição da existência,
Venta mas não há liberdade,
Há gritos por toda parte,
Fecho a porta e os ouvidos,
Mas não adianta, há gritos por toda casa,
E os gritos aprisionam,
Palavras ditas não são como areia,
Que o vento leva, apaga,
Elas são como chumbo em brasa,
Só o tempo disfarça.
Vento, trás o tempo...
O tempo de esperar...
O tempo de agüentar...
O tempo que liberta...
Olho pela janela e vejo a liberdade a me acenar,
E eu não quero deixa – lá a esperar,
Mas há gritos por toda parte,
E esperança já não há,
Só o tempo para fazê-los calar.
Mas venta bastante aqui não é mesmo?
As arvores parece pairar no ar,
Falta só à liberdade aparecer e me tirar pra dançar.

domingo, 7 de agosto de 2011

...




Não tente me analisar,
Identificar o sujeito oculto das minhas frases,
O eu lírio dos meus versos,
Meu universo é, e sempre será o meu infinito particular,
Permito você entrar, será muito bem vindo,
Mas não garanto que irá entender,
E não espere minha prontidão para explicar.
Minha definição não é algo tangível,
Por de trás dessa nuvem de mistério
Se esconde um poço de coisas obvias,
Você se decepcionaria com meus pensamentos previsíveis,
O motivo da minha tristeza que todos desconhecem,
Não me intriga por muito tempo,
Vai embora pelo ralo todas as vezes que choro no chuveiro.
Meu culto ao amor
É só uma necessidade vital, existencial e humana,
De sentir o pulsar da arritmia cardíaca, perder o controle.
Meus sonhos que ficam debaixo do travesseiro
Roubam à cena sempre que pego o violão,
Ganham trilha sonora, corpo, vira quase realidade.
Meus devaneios é o que me mantém na sanidade
É a balança de equilíbrio entre o caos e a tranqüilidade.
Minha alegria desconcertante
É o que me diferencia desse mundo sem tempo,
Que não dá trégua de conhecer a essência nas pequenas coisas.
Meu silêncio é um protesto aos que gritam e ninguém ouve.
Minhas declarações de amor são rangidas por uma sinfonia de silêncio,
Só para enaltecer ainda mais a contradição existente,
Entre um amor que de tão avassalador se cala
E morre no primeiro gole de uma bebida qualquer.
Mas não bebo e não fumo,
Pura e simplesmente pelo fato de não querer mais nada que me roube os sentidos,
Um amor antigo já me basta,
Já cumpre muito bem esse papel.
Não analiso e nem quero ser analisada,
O desconhecido tem os seus encantos,
Ele permite ir além da realidade
E criar um universo paralelo e particular.

sábado, 6 de agosto de 2011

Meus Pobres enganos...


Rita, tu és apenas vocativo que esconde tanta,
Ana, Mariana, Luciana, Joana, e outras mais,
Que carrega em si o dom de dilacerar os corações,
Calar os violões e banir tudo que é vida.
Eu conheci uma Rita ainda na infância,
Era uma professora adorável,
Doce que me sorria todas as manhãs,
Contrariando seu nome,
Não parecia uma criação proveniente da fértil imaginação de Chico Buarque,
Mas sim de Machado de Assis,
Pois era Rita no corpo de Capitu,
Com teus olhos de ressaca,
Personalidade enigmática,
Mas essa, eu não cheguei amar,
Só admirei o exemplo que nem sempre a vida imita a arte.
Quem levou os meus planos,
Meus pobres enganos e os meus vinte anos
Não se chamava Rita,
O nome guardo comigo em segredo,
Pois até hoje junto os cacos do pouco que ela deixou,
Do bom disco de Noel,
Só tenho a leve lembrança do meu ultimo desejo,
O gosto do beijo, e o meu melhor sorriso que nunca mais dei.
E dos meus pobres enganos?
Foi entregar meu coração pra alguém que meu causou tanto desamor.
E agora vivo a andar por ruas que nem sei o nome,
Sem rumo e a todo pulmão grito,
Que aprendi cantar o amor em falsete
Uma pitada de imitação para aquilo que desconheço.
Passo pelo Lapa,e lembro que lá você já rodou a saia,
Derramou encantos,
Deixou testemunhas dos teus passos embalados por Gil e Gonzaga.
Hoje teus passos eu desconheço por onde anda, nem quem os embala,
Ainda guardo o papel daquela bala e o poema que declamei,
E do peito confesso que ainda não te tirei,
Apenas mais um dos meus devaneios,
O pouco que guardei do muito que me causou.
Mas não lembro com rancor,
Porque de todas as saudades
A sua é que mais dói me invade,
E ocupa um espaço maior que deveria.
Pra você sempre vou reservar uma pontinha de amor,
Pois de todos os acontecimentos,
Juntando os cacos e os saldos do que ficou
Percebo que o melhor que há em mim
Foi você que desperto.
E se o desfecho não foi o mais esperado
Sabe-se lá o porquê,
Quem entende os traços do acaso?
Jogo do destino não tem cartas marcadas.
Mas no teu jogo eu entrei e joguei
Seu coração eu não ganhei, dos teus passos eu não sei,
E o meu violão de tão triste se calou.