sábado, 10 de março de 2012

Ventania e trovões...

Hoje acordei em um dia morno,
Apesar dos termômetros marcarem quase 40 graus.
Não considerei quente...
O que eu falo não se trata de clima,
Mas sim de definição.
Meu dia não ficava em nenhum dos extremos.
Não era frio, muito menos quente.
Se ele ocupasse um desses dois lados era fácil definir.
Mas não, ele era morno, meio termo, sem definição exata.
O dia chegou e sem permissão invadiu minha janela,
E eu fiquei ali, olhando pro teto, na morbidez das paredes brancas.
O  tempo não me presenteava com muitas horas.
Interrompi minha observação sem razão.
Para encarar a rotina dos meus dias.
No intervalo de um passo e outro procurava motivos...
Porque um dia morno, quando eu queria chuva de ventania e trovões?
Algo mais agressivo que meus temores internos.
Meu olhar estava mais critico que o de costume.
Vi a decadência humana transbordar a retina.
Vi o descaso de olhares apressados.
De passos perdidos.
De pessoas que ajoelham não para se redimir de seus pecados,
Mas para listar erros alheios vistos através dos tetos de vidro.
Não tenho vocação para revolta literária.
Sempre falei de amor, dos meus abismos internos,
Das coisas que nunca foram ditas.
Mas certos fatos perderam o sentido.
Comecei a entender a tal arte abstrata.
E  desvendar o desconhecido me confunde.
Contraditório?
Mas a contradição é a única coisa que ainda me acompanha.
No chuveiro a agua é morna,
O tempo é morno,
O dia é morno.
E eu queria ventania e trovões.

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