domingo, 19 de fevereiro de 2012

Chico...



Não me lembro quando ele chegou,
É de se esperar,certos ventos não anunciam sua chegada.
E ele foi brisa leve,que arranhou a janela,
E teve os encantos descobertos só depois de levantar a cortina.
A ele, dei o nome de santo:
Francisco.
Chamávamos cariosamente de Chico,
Fazendo referencia também ao cantor e compositor.
Afinal,eles tinham o mesmo charme,o mesmo encanto.
Ele não entrou na minha casa,
Se contentou apenas com a varanda,
E algumas visitas matinais.
Fazendo duvidar até hoje de quem foi adotado,
Se foi ele ou a gente.
Sempre tive cachorros,gostava dessa fidelidade e companheirismo.
Mas foi com o Chico que aprendi a gostar de gatos,
Adotei uma personalidade "Cat People"
Gostei da sinceridade felina,
Dava amor e carinho quando queria,
Aparecia quando queria,
Sem se preocupar em fazer aparência,
Sendo visceral em tudo que fazia.
Chico nunca me pediu carinho,
Lar,ou qualquer outro gesto,
Ele era do mundo,e sempre deixou claro isso.
Impôs suas condições de liberdade e acatei com obediência.
Amei o Chico de graça,e acho que no fundo ele também gostava de mim.
Sentia isso quando ele me olhava fixamente,e passeava pelas minhas pernas.
Comemorava cada aparição dele,aprendi a valorizar esses breves momentos,
Pois sabia  que no final da tarde ele partia,
Sem saber se amanhã ele voltaria.
Sábio Chico,me ensinando a lição que o amanhã não me pertence.
E quando voltava,no dia seguinte,agradecia por mais essa doce e agradável visita.
E assim era nossa rotina, de ir e vir,sem saber até quando.
Me apaixonei por esse animalzinho,mas nunca pensei em prende-lo
Pois sabia que essa não era a sua vontade,afinal ele deixou subentendido essa condição.
Fazia questão de conquistar a confiança dele todos os dias para que ele voltasse na manhã seguinte.
Porque amor é isso,é liberdade,é confiança conquistada,
É visita desejada na minhã seguinte.
Mas uma lição aprendida com o Chico.
O tempo foi passando e as visitas pararam misteriosamente.
Logo pensei,Chico que é do mundo,foi desfrutar da liberdade que tanto o pertencia, e sorri.
Mas eis que me deparo com o meu triste equivoco.
Em uma madrugada a maldade humana engoliu de uma vez as sete vidas do meu sábio Chico,
E levou ele da gente,levou ele do mundo,
Tomou as nossa companhia matinal,
Tomou a liberdade que ele tanto gostava,
Tirou de mim o doce coração que tanto nos ensinavam.
Como pode?
Será que ele não tinha direito de pelo menos mais 6 vidas?
Será que ele não tinha direito de pelo menos se despedir da gente?
Será que ele não tinha direito de pelo menos não sentir dor?
Esse não pode ser o caro preço da liberdade.
Lição para aceitar essa perda só o Chico poderia me dar.
Ele ficou tão pouco tempo com a gente.
Mas o suficiente pra nos envolver com o seu encanto.
Amamos o Chico cada segundo que Deus nos presentou com as suas visitas.
Chico nos ensinou a aproveitar o agora.
Chico nos ensinou o prazer da liberdade.
Hoje Chico foi para o seu lugar merecido por direito,
Está no céu com anjos iguais a ele,
Desfrutando da liberdade melhor que a nossa.
Em nossos corações fica a saudade e a lembrança desse nobre amiguinho.
Nos nossos sussurros ficam as orações pelo Chico e o lamento por quem fez isso com ele.
As 6 vidas que ele não teve direito fica em forma de lembrança dentro de nós.

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