Processo ilusório de desapego sentimental...

Desculpa, tentei ser forte o máximo que pude.

Juro que eu tentei, dando o meu melhor.

Meus joelhos esfolados e o meu coração gasto comprova tudo isso.

Como quem tira uma tatuagem,

Como quem acaba com um vicio,

Como quem morre pra se sentir vivo.

Eu tentei tirar você de mim.

Tentei arrancar você do meu peito.

Dos meus dias, dos meus versos, das minhas confissões,

Das minhas ilusões, de todos os meus pronomes de posse.

Depois de todo o processo ilusório de desapego sentimental.

Me pego sentindo uma falta absurda sua.

Irônico não é mesmo?

Sentir sua falta logo agora, logo hoje.

Cadê todo aquele conformismo?

Fui tão convincente que por um segundo acreditei que tinha te esquecido, lançado ao mar.

O sentimento mudou, não há duvida.

Muita coisa mudou, nem eu sou a mesma.

Venho passando por um período de tentar seguir em frente.

Tenho tido grandes avanços.

Cheguei a tocar na cura.

Ai vem você com toda falta e saudade me afastado de todas as minhas convicções.

Como se fosse um castelo de cartas ou farsas?

Nem sei bem mais.

Nem sei mais o que dói mais.

Se é a sua falta, ou minhas mãos fatigadas de tanto catar os cacos de mim.

Mas eu me recomponho.

Sempre foi assim, compondo e recompondo exaustivamente.

Cada vez a sua maneira.

Fui criando mil faces de mim.

Vivo por ai tentando fazer a transposição desse sentimento.

Vivo por ai tentando te encontrar em outra pessoa.

Engano meu, não existe ninguém igual a você.

Não existe ninguém igual a mim.

Há apenas um de cada um de nós.

Sempre soube disso, mas mesmo assim vou tentando.

Com isso ando me punindo,

Me privando de amar assim da mesma maneira.

Usando minha armadura anti-amor igual ao seu.

Não por querer, mas por pura fatalidade.

Lamento, e sigo em frente.

Porque também não me resta outra opção.

Porque se tivesse como andar de forma retrograda

Eu voltava atrás e fazia diferente,

Tentaria estabelecer os tais laços afetivos.

Acreditei que estávamos estabelecendo o que não criamos no passado,

Aos poucos, com paciência, não tive pressa.

Mas ansiedade e Fé no futuro.

Tenho hábitos pré-estabelecidos,

E um comodismo incrível em não desacreditar.

E por mais que as circunstâncias aponte outra direção

Eu não desisto de você, não desisto de esperar enquanto tomo esse café.

O vinho já está na geladeira,

Porque sei que muito breve você estará ali...

Bem na primeira fileira.