sábado, 15 de outubro de 2011

Envolvida na prece...



15 + 10 + 2011 = 2036

2 + 0 + 3 + 6 = 11

Não tinha como dar errado,
Levando em consideração que uma das poucas e velhas manias que me restaram
É fazer a somatória de todos os números que encontrava pelo caminho,
Até o resultado dar “11”, meu numero da SORTE.
Foi o primeiro indicio que o destino tinha levantado bandeira branca,
Resolveu me dar uma trégua, e me concedeu 3h inteiras de você.
Em uma manhã de chuva atravessei a cidade porque sabia que você estava lá,
Nunca esteve tão perto do meu alcance como hoje, não poderia deixar passar essa chance, e fui ao seu encontro, como da primeira vez,
Pés firmes ao chão e pensamento longe,
Pensamento?
Aquele nosso velho conhecido que nunca acompanha.
A caminho do bairro de Santa Tereza...
Sim, aquele bairro onde nasceu o Clube da esquina,
Fiquei imaginando o que os irmãos Borges e Milton
Poderiam dizer para aquietar meu espírito,
Pois Chico já disse com toda razão e propriedade:
“É desconcertante
Rever o grande amor”
Faço delas as minhas palavras.
Minha reação era algo que até eu desconhecia,
Quando cheguei, você não estava lá,
Eis que surge a hora de exercer o que estava trabalhando em mim nos últimos meses:
“SABER ATRAVESSAR COM SABEDORIA A PONTE DO TEMPO DE ESPERAS”
E te esperar foi quase um martírio,
Conversei com o tempo, ele era a minha única companhia,
No meu silêncio, pedi pra quem pudesse me ouvir,
Que me concedesse a chance de te ver,
Tente ver nas minhas tentativas de chegar ate você uma forma de merecimento para tal feito?
Pedido aceito!
Você aparece na porta,
Meu coração dispara...
Pára...
Depois normaliza,
Dessa vez não houve inércia.
Você cumprimenta alguns que estavam presentes,
E caminha para o fim do salão,
Me sentei atrás de você,lugar estratégico onde montei meu ponto de observação.
Sim, hoje eu te vi, e não foi de maneira estática como das outras vezes,
Vi sua personificação envolvida na prece, estudei seus gestos, escutei sua voz,
Por um momento seus olhos cruzaram com os meus de forma tão profunda,
Senti que você podia ler minha alma,
Desviei o olhar, têm certas paginas de mim, que você não compreenderia se lesse.
Olhei, te estudei sem me aproximar, nos primeiros minutos você não parava de escrever,
Assim como eu, você tem uma compulsão por redigir sobre o que te move.
Você parava de escrever, conversava,gesticulava e sorria,
Às vezes nem dizia nada, apenas gesticulava,
Questionava comportamentos de possíveis conhecidos,
Que você desconhecia a razão de algumas atitudes.
Admirava cada obra de arte espalhada em nossa volta.
Isso tudo era intercalado entre o tempo que você fechava dentro de si
E se envolvia na prece,
E o tempo que você se voltava para os olhares externos
E me envolvia na lembrança de um amor antigo.
Isso tudo pode até parecer confuso,
Deve ser porque eu também estava muito confusa,
Os efeitos de te ver era pra ter sido mais devastador,
Mas como havia dito antes, estou aprendendo a difícil arte do desapego,
Não tem espaço pra mim na sua vida, e te ver foi apenas a confirmação do fato pressentido.
Em certos momentos também me envolvi da prece,
Rezei por mim, rezei por você, esse era o nosso elo de comunicação invisível e Inquestionável,
Pedi pela sua felicidade, e agradeci por compreender que ela não dependeria de mim para ser atingida. Compreendi sem dor.
Passadas às 3 horas, você foi embora, de longe acompanhei você até o carro,
Por mais que você não precisasse de companhia, fui mesmo assim.
Você me olhou novamente, de óculos escuros, vi minha imagem refletida em seu olhar,
Juntamente com o reflexo das minhas paginas proibidas, dessa vez não desviei o olhar,
Pois era um olhar de despedida, quem sabe um “até mais”, “a gente se vê por ai”,
E você partiu, seguiu seu caminho,e eu segui o meu,
Mas com a plena convicção de tudo que ficou.
Que você apareceu na minha vida
Para que inconscientemente
Desapertasse o melhor que há em mim,
Despertou a minha música, minha prosa, meu verso, meu som,
E o meu silêncio, porque não?
Um dia quem sabe a gente se cruza e eu te mostro tudo isso,
Mas dessa vez vai ser diferente,
Eu canto uma música que um dia fiz pra você,
Mas sem esperar um “eu te amo” no final,
Mas sim a doce e delicada lembrança que levo junto ao peito,
Da minha primeira visão do amor,
Não foi vivida, mas que não tira o direito de ter sido bonita.
Meu coração pode até disparar, parar e se normalizar depois,
Isso não vai ser indício de paixão mal curada,
Pois o sentimento se dissipou, mas usando a sabedoria do mestre Chico:
“É desconcertante
Rever o grande amor"

2 comentários:

  1. Li a pouco tempo que "sonhos qdo é nosso devemos realizar,dos outros respeita-los." Concordo plenamente com quem disse essa frase, e ao terminar de ler seu texto,me lembrei do filme antes de partir,sobre aquela tal lista de sonhos que a gente faz durante a vida e as vezes nem nos esforçamos pra alcança-los,por comodismo ou falta de coragem.Fico feliz por mais esse feito na sua vida e ....."Um dia quem sabe a gente se cruza e eu te mostro tudo isso,
    Mas dessa vez vai ser diferente,
    Eu canto uma música que um dia fiz pra você,
    Mas sem esperar um “eu te amo” no final,
    Mas sim a doce e delicada lembrança que levo junto ao peito,
    Da minha primeira visão do amor,
    Não foi vivida, mas que não tira o direito de ter sido bonita."
    E QUANDO ESSE DIA CHEGAR(POIS ESPERO Q CHEGUE)em pensamento vou agradecer a tal pessoa pois "ELA DESPERTOU O MELHOR QUE HÁ EM VOCÊ."

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  2. Certas conquistas são possiveis graças ao apoio que recebemos,e "rever o grande amor" é um exemplo disso,seu apoio foi importante.
    Não só nesse sonho,mas em todos os outros,vc está presente na conquista e estará presente na concretização.

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