sábado, 8 de outubro de 2011

O Mundo pela Fresta...


Eu vejo o mundo por uma fresta,
Da minha janela eu posso ver uma arvore,
Da qual desconheço o nome,
Tudo em minha volta é assim, desconhecido,
Sem denominação,
Até eu mesma, me desconheço,
Também me vejo por uma fresta.
Tudo parece ser tão limitado, minimamente contado,
Previsível.
Até eu mesma não costumo surpreender,
 Nunca gritei a todo pulmão,
Limito – me ao nó na garganta.
Do outro lado da rua, alguém também olha pela janela,
Uma janela grande, sem persiana,
Aquele não vê a vida por uma fresta,
Tem os olhos livres, sem fronteiras.
Mas aquele que observa, não vislumbra por muito tempo.
Sua passagem é rápida, como se olhasse por pura distração.
Quem olha em minha direção, não me vê,
A fresta mostra parte de mim,
Apenas um pouco do que sou,
E como tudo que se mostra pela metade,
É difícil de encher os olhos,
Fica sem corpo, definição.
Mas se tudo tem dois lados,
Como me mostro do outro lado da janela?
Inteira! E submersa no oficio,
Os ponteiros do relógio ditam o meu ritmo,
Emaranhado de papeis, com informações que não me regem.
Olhares que me fitam inteira,
Mas não necessariamente entregue ao prazer do que exerço,
Então concluo...
Sou mais inteira sendo vista por uma fresta,
Onde lá fora vejo o mundo que me espera,
Do que do outro lado da janela,
Onde que inteira me despedaço na inércia,
Do oficio que não me move.

Nenhum comentário:

Postar um comentário