domingo, 22 de abril de 2012

“Estou sem palavras”


Você disse: “Estou sem palavras”                          
Leio e releio isso todos os dias.
Virou meu mantra, meu combustível diário.
O mesmo frio na medula, coração dispara,
As mãos tremem e sorriso reaparece como da primeira vez.
Sempre será assim, guardo comigo a imagem e a lembrança de tudo isso.
Das oito linhas por você redigidas, das quais releio diariamente,
Com total fidelidade e disposição, leio em silencio assim como sempre foi o meu amor.
Apenas uma parte faço questão de ler em tom audível.
“Estou sem palavras”
Imagino o seu tom de voz rouco e grave dizendo isso.
Após ler, sempre faço uma pausa de reflexão.
Que bom seria se eu pudesse tatuar essas linhas.
Que ironia eu diria, partindo do pré suposto que você soubesse do porque dos meus versos.
Se tiver algo pelo qual eu te culpo, é exatamente isso,
A razão dos meus versos, das minhas palavras.
À  você delego toda culpa da minha inspiração.
Você me deu as palavras, o verso, o tom.
E ao te presentear claramente com o melhor de mim,
Assim que você se refere: “Estou sem palavras”
Quem me deu as palavras, ao ser presenteada por elas,
Ficou sem palavras.
Por segundos roubei aquilo que me foi dado.
Eis a beleza da contradição.
Fecho os olhos, encho os pulmões de você.
Que dádiva poder te despertar a emoção.
 Uma retribuição do pouco do muito que me causou.
Meus versos foram seus, são seus,
E enquanto minha boca pronunciar algum som,
Minhas mãos redigir versos que você sussurra em meus ouvidos.
Eles sempre serão seus, por mais que eu não diga.
Por mais que eu me cale, por mais que eu não lhe presenteie com eles.
Meu destinatário é único, é signo de água, personificação dos meus versos.
É você.

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