sábado, 7 de abril de 2012

Seu Silêncio...


Quando era pequena era ferida pelas palavras.
Com o passar do tempo aprendi a brincar com elas.
Quando cresci, comecei a me machucar pela falta delas.
O seu silêncio ensurdecedor.
 Como pode me maltratar com tamanha crueldade?
Outro dia, implorei por saber apenas o motivo.
E nem isso você me deu o direito de saber.
Fui dormir com o peso do mundo nas costas.
É uma dor que não cessa, Só aumenta.
Ando pelas ruas com um punhal cravado no peito.
Todos olham.
Todos notam.
Todos fazem cara de espanto.
Mas ninguém manifesta um gesto sequer de cessar toda dor.
Sabe por quê?
Porque só você detém a cura do meu mal.
Só você sabe a medicina que me cura.
Invés de fazer cicatrizar a ferida,
Você me dá apenas analgésicos, anestésicos.
Outras vezes, nem isso.
Deixa meu corpo sem cuidados, ardendo em febre,
Tremendo de dor.
Ombros esfolados das marcas do mundo
Joelhos feridos de cair do ninho.
Punhal no peito cravado pelas tuas mãos.
Não faço nem questão de cobrir a ferida que jorra sangue.
Não por exibicionismo, mas por cansaço,
Minhas mãos não conseguem levantar e chegar ao peito.
Às vezes sou obrigada a disfarçar essa dor.
Às vezes consigo.
Outras vezes apenas esbarro no fracasso da minha falta de veia cênica.
Desculpa.
Ando com medo.
E ao mesmo tempo me ponho vulnerável ao perigo.
Porque o medo não é o zelo pela minha vida.
E sim o medo de decepcionar as pessoas queridas de minha volta.
Que pelo que ando percebendo,
Para decepcionar o outro, não preciso fazer muita coisa.
Ando policiando meus olhares, meus passos, minhas palavras.
Com medo de mim mesma, das minhas atitudes impensadas por frações de segundos.
 O que é normal para qualquer pessoa,
Vindo de mim é julgado como se fosse um atentado a família.
Atravesso as ruas sem olhar para os lados.
Ando de elevador em meio a ameaças de blecaute
Deito embaixo de árvores em meio a tempestades.
Tendências suicidas?
Não penso assim.
Interpreto como autopunição de não saber prever a conseqüência do segundo passo.               
Mesmo sendo passos dados pra pular amarelinha.
Continuo sangrando, a dor jorra por todos os lados.
Seu silêncio grita e ecoa pelo quarto.
Daqui dois meses é meu aniversário,
E eu não queria todos esses preparativos,
Almejo apenas um pacto vindo de você.
Um pacto de transparência, de dialogo,
De menos teimosia e de dias repletos de mais alegrias.
Não precisa nem embrulhar é só para eu parar de sangrar.

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