Não tente me analisar,
Identificar o sujeito oculto das minhas frases,
O eu lírio dos meus versos,
Meu universo é, e sempre será o meu infinito particular,
Permito você entrar, será muito bem vindo,
Mas não garanto que irá entender,
E não espere minha prontidão para explicar.
Minha definição não é algo tangível,
Por de trás dessa nuvem de mistério
Se esconde um poço de coisas obvias,
Você se decepcionaria com meus pensamentos previsíveis,
O motivo da minha tristeza que todos desconhecem,
Não me intriga por muito tempo,
Vai embora pelo ralo todas as vezes que choro no chuveiro.
Meu culto ao amor
É só uma necessidade vital, existencial e humana,
De sentir o pulsar da arritmia cardíaca, perder o controle.
Meus sonhos que ficam debaixo do travesseiro
Roubam à cena sempre que pego o violão,
Ganham trilha sonora, corpo, vira quase realidade.
Meus devaneios é o que me mantém na sanidade
É a balança de equilíbrio entre o caos e a tranqüilidade.
Minha alegria desconcertante
É o que me diferencia desse mundo sem tempo,
Que não dá trégua de conhecer a essência nas pequenas coisas.
Meu silêncio é um protesto aos que gritam e ninguém ouve.
Minhas declarações de amor são rangidas por uma sinfonia de silêncio,
Só para enaltecer ainda mais a contradição existente,
Entre um amor que de tão avassalador se cala
E morre no primeiro gole de uma bebida qualquer.
Mas não bebo e não fumo,
Pura e simplesmente pelo fato de não querer mais nada que me roube os sentidos,
Um amor antigo já me basta,
Já cumpre muito bem esse papel.
Não analiso e nem quero ser analisada,
O desconhecido tem os seus encantos,
Ele permite ir além da realidade
E criar um universo paralelo e particular.
ANÁLISE
ResponderExcluirTão abstrata é a idéia do teu ser
Que me vem de te olhar, que, ao entreter
Os meus olhos nos teus, perco-os de vista,
E nada fica em meu olhar, e dista
Teu corpo do meu ver tão longemente,
E a idéia do teu ser fica tão rente
Ao meu pensar olhar-te, e ao saber-me
Sabendo que tu és, que, só por ter-me
Consciente de ti, nem a mim sinto.
E assim, neste ignorar-me a ver-te, minto
A ilusão da sensação, e sonho,
Não te vendo, nem vendo, nem sabendo
Que te vejo, ou sequer que sou, risonho
Do interior crepúsculo tristonho
Em que sinto que sonho o que me sinto sendo.
Tão abstrata é a idéia do teu ser
Que quando a concretizo se percebe
Além do que pudesse simples sebe
Um universo imenso a me conter.
Percebo em ti diversa dimensão
E assim perpetuando num mosaico
O quanto inda parece ser prosaico,
Mas nunca percebera divisão.
Etéreas as imagens procriadas
E nelas prosseguindo imerso, creio
Que além de simplesmente mero veio,
Unidos somos mais que tantas vidas.
Fernando Pessoa.
Por minhas escritas, escrevo
"Quem sou eu a ponto de me perder ao entrar no seu infinito particular?
Como pude ignorar o aviso claramente escrito: NÃO SE PERCA AO ENTRAR?
Ah, percebi em ti diversas dimensões, aliás, outrora tantas minhas dimensões...que me vi.
Tens razão, não tenho o direito...
Eu lamento, foi devaneio...
Eu me vi..vi em ti... mesmo assim, não poderia ter-me perdido...
Eu lamento, foi violento...
Perdoe-me...foi por um estúpido momento."
Inté.
K. L.