domingo, 17 de julho de 2011

MIOPIA...


O mundo nunca foi para mim algo muito bem definido,
Claro de simetria perfeita,
Sempre me pareceu confuso,
Um emaranhado de pessoas num vai e vem sem razão,
Mas quando dizia esse meu ponto de vista,
A primeira coisa que as pessoas faziam era perguntar por que eu pensava assim...
E como de costume, não sabia explicar, simplesmente pensava...
O ser humano quer explicação pra tudo,
Mas nem tudo tem uma explicação plausível.
Pois bem, o conflito já estava montado,
Meu ponto de vista sobre um mundo assimétrico,
Sem explicação.
Mas eis que surge minha tabua de salvação
A ciência respondeu meu dilema,
Um diagnostico que serviria de explicação
Para esse meu ponto de vista
Um tanto quanto confuso...
MIOPIA!
Isso, esse probleminha que atinge cerca de 25% dos adultos
Faço parte desse seleto grupo de pessoas.
Logo tratei de providenciar um óculos,
Meu companheiro de observação inseparável,
É bom poder dividir com alguém um mesmo ponto de vista,
O mundo sempre me pareceu grande demais para caber em apenas um olhar,
Agora além de ver, posso até ampliar...
Adquiri também uma visão seletiva,
Os óculos me apresentaram uma armadura,
Sempre que tinha medo, insegurança,
Não os usava, era a maneira que encontrei.
De não ter que encarar a realidade que me doía,
A realidade desconcertante é melhor não ver.
Não encaro uma platéia de óculos,
Não dispo a minha alma de óculos,
Não te olho nos olhos de óculos,
Não quero ver meu corpo sendo alvo de tantos olhares,
O olhar sempre foi de grande importância para mim,
O olhar sempre teve o poder de penetrar pelos poros,
Desbravar o meu ser...
O olhar é algo totalmente desconcertante,
Mas agora consegui um escudo para os meus.
Uso óculos para ver melhor o que me encanta,
O que me enche os olhos, degustar os detalhes,
Para organizar as idéias.
Mas onde tudo isso começou?
Não sei dizer, afinal tenho dificuldade de definir o ponto de partida,
Não sei se a percepção de um mundo assimétrico ocasionou a miopia,
Ou a miopia que me fazia ver o mundo com outros olhos.
Só sei que ganhei um assistente
Para me ajudar exercer esse duro papel de observador,
Tornar as coisas mais claras e simétricas
E que me permita escolher quando a realidade não deve ser vista,
É quando ele sai de cena, eu dispo a alma,
Sem me preocupar com os olhares,
Que existem, mas não vejo,
Pois vale ressaltar que quando a realidade é desconcertante é melhor não ver.

Nenhum comentário:

Postar um comentário