segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Palavras Ensaiadas, mas não ditas II.


O que fazer quando pensamos no que não devemos?
E quando amamos quem não devemos amar?
Ai, optamos pelo silencio,
Ocultação do fato pressentido,
Talvez porque assim é mais conveniente,
Mais cômodo, socialmente correto,
É mais fácil se deixar pela maré,
Do que nadar contra ela,
Mas chega uma hora que necessitamos pisar em terras firmes,
Sentir o sabor de nadar incansavelmente e finalmente chegar à praia,
Perceber que tudo conspirava contra,
A maré só te afastava do destino desejado,
Sentir a vida por um fio, o medo sempre constante,
Mas mesmo assim se arriscar,
Pensar que no final de tudo a praia estará ali,
A nossa espera...
Depois é só olhar para trás e ter a sensação de missão cumprida,
É a “deixa” que esperávamos para virar a pagina,
Seguir a vida, dar continuidade ao percurso, e fazer valer a segunda chance.
É assim que eu me encontro ultimamente,
Passei anos me deixando levar pela maré,
Por pura conveniência ou por falta de sanidade dos fatos que me deixaram à deriva,
Mas meu corpo agora necessita de terras firmes,
Quer chegar a praia, para assim poder virar a pagina, e dar continuidade ao percurso,
Mesmo que para isso seja necessário correr certos riscos.
Isso que me fez escrever esta carta, falar de um sentimento que por muito tempo fiz questão de esconder,
E que pode parecer muito estranho para quem leva uma vida pautada aos moldes do tempo, o fato de uma criança fugir dos padrões convencionais de sua pouca idade,
E que mesmo antes de entender o universo das palavras, foi se meter com um sentimento tão complexo como o amor,que nem mesmo o tempo foi capaz de descobri a mordaça certa para controlar este tão arredio sentimento,então,em meio a este lamento,resolvi escrever uma carta para quem destinei o meu amor por muitos anos,não com o intuito de me declarar,pois quem se declara tem a esperança de ser correspondido e esta pretensão eu já não tenho mais...


Carta inacabada!
Apenas mais uma tentativa de dirigir minhas palavras para quem me despertou o que há de mais lírico, passional, poético e musical em mim.
Estas palavras jamais chegaram ao real destinatário,
Há muito tempo essa necessidade ecoou pelas paredes da minha existência,
Hoje perdeu o sentido, os pontos finais que não usei para terminar essa carta, usei para calar esse sentimento.
Atravessei o mar a nado, sem direito a resgate, hoje piso em terras firmes e o mérito é todo meu, essa prova de sobrevivência não saiu em jornais, não virou filme e nem livro,
O prestigio da conquista perpetuou apenas dentro de mim.
Vejo tudo com bons olhos, com olhos de saudade, do tempo que passou, do sentimento que findou,mas deixou o melhor que há em mim, e nada mais importa agora,nada mais me prende agora.

(...)Partir, andar, eis que chega
É essa velha hora tão sonhada
Nas noites de velas acesas
No clarear da madrugada
Só uma estrela anunciando o fim
Sobre o mar, sobre a calçada
E nada mais te prende aqui
Dinheiro, grades ou palavras(...)
(Partir,Andar - Herbert Vianna)

Um comentário:

  1. A Despedida do Amor – Martha Medeiros

    Existem duas dores de amor:
    A primeira é quando a relação termina e a gente, seguindo amando, tem que se acostumar com a ausência do outro, com a sensação de perda, de rejeição e com a falta de perspectiva, já que ainda estamos tão embrulhados na dor que não conseguimos ver luz no fim do túnel.

    A segunda dor é quando começamos a vislumbrar a luz no fim do túnel.
    A mais dilacerante é a dor física da falta de beijos e abraços, a dor de virar desimportante para o ser amado. Mas, quando esta dor passa, começamos um outro ritual de despedida: a dor de abandonar o amor que sentíamos. A dor de esvaziar o coração, de remover a saudade, de ficar livre, sem sentimento especial por aquela pessoa. Dói também...
    Na verdade, ficamos apegados ao amor tanto quanto à pessoa que o gerou. Muitas pessoas reclamam por não conseguir se desprender de alguém. É que, sem se darem conta, não querem se desprender. Aquele amor, mesmo não retribuído, tornou-se um souvenir, lembrança de uma época bonita que foi vivida...

    Passou a ser um bem de valor inestimável, é uma sensação à qual a gente se apega. Faz parte de nós. Queremos, lógicamente, voltar a ser alegres e disponíveis, mas para isso é preciso abrir mão de algo que nos foi caro por muito tempo, que de certa maneira entranhou-se na gente, e que só com muito esforço é possível alforriar.
    É uma dor mais amena, quase imperceptível. Talvez, por isso, costuma durar mais do que a "dor-de-cotovelo" propriamente dita. É uma dor que nos confunde. Parece ser aquela mesma dor primeira, mas já é outra. A pessoa que nos deixou já não nos interessa mais, mas interessa o amor que sentíamos por ela, aquele amor que nos justificava como seres humanos, que nos colocava dentro das estatísticas: "Eu amo, logo existo".
    Despedir-se de um amor é despedir-se de si mesmo. É o arremate de uma história que terminou, externamente, sem nossa concordância, mas que precisa também sair de dentro da gente...
    E só então a gente poderá amar, de novo.

    Excelente seu texto....como sempre emocionante!

    Sem mais palavras...
    Xero.
    Inteh.

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