domingo, 25 de setembro de 2011

O poder da vírgula...


Sem o epicentro das minhas emoções
Comecei ter um olhar mais atento sobre todas as coisas,
A procura de algo que me desapertasse a emoção,
Foi quando eu lembrei de Augusto Cury,
E de sua sabia percepção sobre a “vírgula”
Que vai além da pausa, da separação de idéias,
Da concordância textual, do sentido semântico,
Mas a vírgula na pratica, no cotidiano de nossas vidas,
E como ela pode ser essencial para a continuidade.
Um dia seguindo o meu ritual diário,
De acordar cedo e enfrentar o holocausto que é uma segunda feira,
Pelo caminho me deparo com um alvoroço diferente do habitual,
Uma multidão, controlada por policiais e bombeiros,
E no meio de tudo isso, um homem querendo por fim a sua própria vida,
Triste saber que suicídio nos dias de hoje se tornaram um atrativo que reúne um aglomerado de pessoas em volta da dor do outro.
Mas nesse momento me senti no livro do Cury,
Onde ele relata uma situação como aquela que estava presenciando,
Vários motivos puderam ter levado aquele homem, pra aquela decisão,
Motivo esse que todos desconhecem.
Os bombeiros tentavam dar milhares de razões pra ele não pular,
Distraindo para que assim pudessem salva-lo,
Mas tirar aquele homem da zona de perigo seria a solução?
Não sei, sou adepta de Cury e acredito no poder da Vírgula,
Ela sim nos permite a continuidade, fazer uma pausa para tomar fôlego e prosseguir,
Já o ponto final é o tiro de misericórdia, ele que simboliza o fim,
Depois dele o assunto muda, a estrofe acaba, o texto se finda,
Motivo já não há, e aquele homem estava prestes de dar o ponto final em sua existência.
E me afligia não ver ninguém interessado a vender uma vírgula,
Talvez fosse isso que ele precisava, dar uma pausa para depois dar a continuidade,
Às vezes acontece isso mesmo,
Em certas construções textuais cometemos sérios erros de pontuação,
Colocamos um ponto final em um lugar onde uma vírgula resolvia,
Mas a vida não dá trégua, a dor sufoca,
E na vontade de por fim ao sofrimento,
Acabamos de quebra pondo um fim em nos mesmos,
Talvez ele procurou a virgula no lugar errado,
Num copo de cachaça, em prazeres provisórios.
Ou a sede de viver causou a contradição,
Fazendo transitar nos extremos irreversíveis.
De pensar que aquele coração que um dia foi criança,
Que amou, foi amado, sentiu dor e que agora ainda sente,
Tomado pela quietude de um desespero pode ser dominado pela inércia causada pela queda do corpo batendo chão.
E aqueles olhos, a janela da alma, que admirou a vida, definiram a imagem de percepção do mundo, iria se fechar pra sempre.
Como permitir?
Ainda existia vida encarnada no desespero,
O coração pulsava, ainda que freneticamente,
Os olhos viam, ainda que tivesse um olhar perdido,
Existia vida, portanto havia esperança da vida vencer a morte.
Minha falta de heroísmo não me permitiu ver o desfecho da historia,
Afinal, vírgula não é um artigo corriqueiro que costumamos carregar por todos os lados,
Pelo menos não a adequada para todas as circunstâncias.
Segui em frente, com a aflição do desenrolar desse conflito,
Ficou a reticência para a historia do ponto final da vida de um homem,
Que rezo para que tenha encontrado a vírgula para sua dor.

Um comentário:

  1. "Apesar dos nossos defeitos, precisamos enxergar que somos pérolas únicas no teatro da vida e entender que não existem pessoas de sucesso e pessoas fracassadas. O que existem são pessoas que lutam pelos seus sonhos ou desistem deles."
    Augusto Cury

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