sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

O passado guardado no fundo da Gaveta...


Consultando registros antigos,
Me deparei com um caderno
Que foi meu companheiro por muitos anos,
E que até poucas horas estava perdido no fundo da gaveta.
Entre fotos, bilhetes e músicas,
Encontrei o meu primeiro versinho que fiz por volta dos meus 9 anos:

“Amor?
Que palavra é essa?
Que hoje me faz sentir sua falta
Amor?
Quem deu esse nome
Será que já amou alguém?
Amor, Sinceramente não sei o que é.
Se é loucura ou querer estar perto”

Mergulhei fundo no meu passado.
Fiquei submersa no conflito do meu desconhecido.
Percebi que quando jovem,
Escrevia perguntas, para que na maturidade pudesse dar as respostas,
Escrevia e tinha a preocupação de deixar espaço para futuras respostas.
Gostava de ter a classificação de tudo que pulsava dentro de mim.
“Sentir” naquela época era pouco demais, queria ter o conhecimento do significado.
Como se os sentimentos pudessem vir em dicionários com ordem alfabética,
Exemplo de aplicação no cotidiano,
Conjugação e classificação por grau de envolvimento.
Só depois de muitos anos que compreendi,
Que certas coisas basta sentir, não é necessário entender.
Fechar os olhos e deixar o barco correr.
Em meio a esses versos, ri da minha inocência,
Da minha sede de respostas,
Da minha caminhada pela contramão do tempo.
Da minha vontade de viver o que sentia, sem entender por que.
Vi o tanto que cresci com as minhas perguntas sem respostas.
E hoje quando volto os olhos pra tudo isso,
Distancio-me de mim mesma,
Sinto-me responsável pela criança daqueles versos,
Sinto-me na obrigação de orientá-la em meio a tantos questionamentos.
Mas vejo os espaços deixados por mim
Em cada pergunta sobre o que era o amor,
E sinto dizer que ainda não sei responder,
Não sei o que é o amor,
Desconheço a origem da palavra,
E desconheço quem assim o chamou pela primeira vez,
Se esse alguém já amou.
E também não sei qual linha que separa a loucura da sede de aproximação.
Mas aprendi a simplesmente sentir,sem necessariamente classificar.
Talvez daqui há 10, 20 anos ou mais  ...
Eu venha rir novamente do meu conformismo leviano.
Mas “hoje” me reservo o direito de apenas sentir.
Aprendi ser marujo,
Fechar os olhos e deixar o barco correr,
Pois quando menos esperar,estarei em terras firmes,Ou não.
Talvez aprenda os encantos de viver a deriva.

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